Não houve demissão da PRF. Houve ‘premiação’
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Grande parte da mídia ‘embarcou’ na ideia de que a saída de dois diretores da Polícia Rodoviária Federal – o executivo, Jean Coelho, e o de Inteligência, Alan Rebello- como consequência do assassinato de Genivaldo dos Santos, morto por policiais da corporação.
Não foi isso, mas uma “premiação” que exigia que deixassem os cargos: ambos foram nomeados – informa Bela Megale, em O Globo – para duas inexplicáveis posições de “oficiais de ligação” no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, nos Estados Unidos.
Os salários, informa ela, somam perto de R$ 70 mil, incluindo auxílio-moradia.
A questão, então, passa a ser a seguinte: que diabos dois policiais rodoviários têm a fazer num “Colégio Interamericano de Defesa”?
Estudar bloqueios nas rodovias no caso da “invasão chinesa” imaginada pelos nossos delirantes de extrema direita?
A verdade é que a PRF, ao prestar-se a ser a “polícia da família” bolsonarista, se prestando até para a primeira-dama aparecer muito galante com o uniforme da corporação, ganhou, junto com os favores, também a “maldição do Mito”.
A sociedade tem todo o direito de achar que se está montando uma “operação-abafa”. O processo administrativo contra os três policiais que participaram diretamente da ação não pode servir de biombo para a responsabilização penal. E muito menos para que se apurem as responsabilidades – indiretas, mas importantes – da cadeia de comando que, se não orientava, pelo menos tolerava abordagens criminosas pelos agentes e a certeza de que seriam aceitas.