#fernandobrito

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Não houve demissão da PRF. Houve ‘premiação’

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#FernandoBrito

Grande parte da mídia ‘embarcou’ na ideia de que a saída de dois diretores da Polícia Rodoviária Federal – o executivo, Jean Coelho, e o de Inteligência, Alan Rebello- como consequência do assassinato de Genivaldo dos Santos, morto por policiais da corporação.

Não foi isso, mas uma “premiação” que exigia que deixassem os cargos: ambos foram nomeados – informa Bela Megale, em O Globo – para duas inexplicáveis posições de “oficiais de ligação” no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, nos Estados Unidos.

Os salários, informa ela, somam perto de R$ 70 mil, incluindo auxílio-moradia.

A questão, então, passa a ser a seguinte: que diabos dois policiais rodoviários têm a fazer num “Colégio Interamericano de Defesa”?

Estudar bloqueios nas rodovias no caso da “invasão chinesa” imaginada pelos nossos delirantes de extrema direita?

A verdade é que a PRF, ao prestar-se a ser a “polícia da família” bolsonarista, se prestando até para a primeira-dama aparecer muito galante com o uniforme da corporação, ganhou, junto com os favores, também a “maldição do Mito”.

A sociedade tem todo o direito de achar que se está montando uma “operação-abafa”. O processo administrativo contra os três policiais que participaram diretamente da ação não pode servir de biombo para a responsabilização penal. E muito menos para que se apurem as responsabilidades – indiretas, mas importantes – da cadeia de comando que, se não orientava, pelo menos tolerava abordagens criminosas pelos agentes e a certeza de que seriam aceitas.

#crime #puliças

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Depoimento de Bolsonaro a PF é tragicomédia de erros

#FernandoBrito #Tijolaço

27/01/2022 8:30 pm

Tem hora e endereço marcados.

14 horas, na na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, localizada no SAIS, quadra 7, lote 23, Setor Policial Sul.

Vai ser um espetáculo para as câmeras de televisão e olhe lá se não teremos um grupo de agitadores para desagravar o primeiro presidente da República intimado para depor em uma unidade policial num inquérito onde ele mesmo é o alvo do possível crime. Ele havia prestado declarações sobre o caso Moro, mas recebendo o delegado no Planalto.

É o ápice de uma comédia de erros que começou numa das lives presidenciais onde, para sustentar sua história de fraude nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro exibiu um inquérito sigiloso da PF sobre uma tentativa de ataque aos computadores do Tribunal Superior Eleitoral.

Violação de sigilo explícita.

É duvidoso, porém, que as consequências disso sejam tratadas de forma tão primária pela Advocacia Geral da União, que atua na defesa de Bolsonaro.

No dia 29 de novembro, Bolsonaro foi intimado a prestar declarações, com prazo de 15 dias e podendo marcar a hora e o lugar para fazê-lo com discrição. Aceitou, mas pediu um prazo de 60 dias, alegando que “a agenda Presidencial, mormente neste período de final de ano, lhe impõe série de compromissos alguns deles em agendas externas que dificultam sobremaneira a sinalização de dia e hora no exíguo lapso ofertado pela Senhora Delegada de Polícia Federal”.

Viu-se, nas praias, como seu tempo era exíguo e sua agenda apertada.

Ainda assim, o ministro Alexandre de Moraes, à frente do inquérito, deu-lhe os 60 dias: os 15 já concedidos e mais 45, o que faz de amanhã a data limite.

Só que, ontem, já poucas horas antes de vencer o prazo, Bolsonaro mandou dizer que não só não marcaria hora para receber a PF como “declinava” do direito de prestar declarações.

Agora, Moraes marcou a tomada de depoimento e das duas uma: ou Bolsonaro, o valentão, vai e diz apenas que o povo tinha o direito de saber, ou Bolsonaro, o fujão, não aparece, “Não vou, e daí?”

E abre caminho para Moares, querendo, determinar a sua condução, o que provavelmente não ocorrerá, pela repercussão que o fato alcançaria.

É difícil imaginar o que pode acontecer, até porque Alexandre de Moraes, até aqui, não parece deixar que o intimidem.

Nada disso, claro, vai muito à frente, porque o Judiciário, sob a maneirosa presidência de Luís Fux, não vai peitar o Planalto. Mas Moraes também não vai ficar quieto e já começou a agir, quando determinou o fim do sigilo do processo – exceto dados bancários e fiscais – tão logo seja colhido (ou não colhido) o depoimento presidencial.

Só não sei se Bolsonaro se aborrecerá com a polêmica, ele adora se mostrar valente em brigas em que o seu cargo não o deixa perder.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Bolsonaro jamais seria um Zo’é

#FernandoBrito #Tijolaço

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A foto do jovem Tawy Zo’é levando nas costas o pai, Wahu Zo’é, fraco demais para caminhar seis horas até o posto de #saúde mais próximo de sua aldeia, é o maior tapa na cara que se poderia dar em Jair Bolsonaro por conta de sua demoníaca cruzada contra a #vacinação infantil (e também, contra a adulta, como todos sabemos).

Tawy marchou pela floresta para preservar a vida, entre barrancos, rios e animais, para defender vida de quem o fez viver e sobreviver.

Zo’é, nome da etnia, tem um significado simples de entender. Quer dizer “nós”, a palavra que os une e os fez enfrentar uma #história de tragédias.

Os Zo’é sabem, na sua memória coletiva, os perigos de uma epidemia.

Não as conheciam enquanto viviam isolados, mas passaram a entender o que era quando foram contatados por missionários #evangélicos em 1987. Para capturar suas almas, atraíram seus corpos como se atrai peixes com iscas, jogando-lhes “presentes”.

Em 2020, com as imagens impressionantes de Sebastião Salgado, o jornalista Leão Serva conta a história da tragédia que sucedeu a esta “pescaria de almas”.

20% dos Zo’é contatados pelos missionários morreram e outros tantos ficaram cegos, ou quase, por formas graves de conjuntivite viral ou por tracoma.

Só existem como comunidade porque, no início do governo Collor, o indigenista Sidney Possuelo, na #Funai, saiu em seu socorro, expulsou os “missionários” e levou assistência médica aos índios, restabelecendo, tanto quanto possível, a independência da sua vida.

Mas eles não desistiram e, no Governo Bolsonaro, voltaram à carga. Para a direção do departamento de índios isolados da Funai nomearam Ricardo Lopes Dias, um ex-missionário da Missão Novas Tribos do Brasil, a mesma que havia levado dor e morte aos Zo’é há mais de 30 anos.

Gente desta “tribo” canibal de mentes foi flagrada planejando atacar de novo a tribo. ““Nós vamos voltar para os Zo’é. Não sei como, mas nós vamos voltar”, diz um deles, Edward Gomes da Luz, ameaçando com a #evangelização forçadas: “A pessoa ou vai ajoelhar voluntariamente, adorando [ao deus #cristão] , ou vai ajoelhar #obrigatoriamente, temendo [ao deus cristão]”.

Estes áudios, divulgados pelo The Intercept, ajudaram a derrubar Lopes Dias do cargo, apesar do apoio da ministra Damares Alves.

A história por trás da foto mostra que Tawy Zo’é carrega mais que o velho e quase cego pai e por muito mais tempo que as 12 horas da ida e a volta até o posto de saúde.

É de perguntar ao presidente Jair Bolsonaro, que não quer que as #crianças se vacinem (ou aos generais que consideram capitular aos desejos presidenciais de que os seus soldados não sejam imunizados) se eles têm um milésimo da civilização daquele rapaz.

Não é que lhes falte a força, é que lhes falta o que os Zo’é trazem no nome: o “nós”, o sentido de pertencimento a um povo, uma Nação.

Bolsonaro não é Zo’é, porque lhe falta a ideia da coletividade,

O jovem Tawy jamais diria “e daí? todo mundo morre um dia, mesmo”.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Um libelo contra Herodes

#FernandoBrito #Tijolaço

A entrevista de Antônio Barra Torres, presidente da #Anvisa, ao jornal O Globo, é um dos libelos mais duros que já se fez a um governo e, um dia, será usado nos tribunais deste país.

Em três “perguntas” ele atira sobre o governo Bolsonaro e seu ministro da #Saúde a responsabilidade consciente pela #morte de crianças (e de adultos) por conta da #Covid-19.

“O ministério [ da Saúde] precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra. Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde a chegada da Covid até o início de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias.”

“Se (a consulta pública, usada pelo Ministério para adiar a #vacinação infantil) é uma ferramenta tão necessária, por que não foi usada em relação às outras faixas etárias, às outras vidas?”

A terceira pergunta é sobre as opiniões de pessoas que não trabalham com a análise vacinal: de que maneira isso pode influenciar numa decisão que é eminentemente técnica?

Torres termina as perguntas com uma direta e simples: “o que mais falta” para se iniciar a vacinação das crianças, uma vez que todas as entidades médicas e sanitárias a aprovaram?

Torres responsabiliza diretamente Jair Bolsonaro de instigar as #ameaças que os funcionários da Anvisa recebem, todos os dias, e que já somam mais de 170:

Tivemos uma [manifestação presidencial] em 16 de dezembro, que foi o pedido, dito por ele oficioso, quanto a nomes de envolvidos. A frase em si, palavra após palavra, se retirada do contexto, pode parecer apenas o exercício do supremo mandatário do país, no livre direito, de solicitar a informação que julgar necessária. Mas, quando essa frase é colocada no contexto, na entonação e em tudo o que foi dito naquela live, se entende que a intenção não era essa. Não era uma intenção apenas de saber os nomes.(…) No dia 19 de dezembro, o senhor presidente disse que é “inacreditável o que a Anvisa fez”, ou seja, reitera o sentido que deu na declaração do dia 16. Não há dúvida quanto ao que ocorreu nessa sequência de duas declarações, com intervalo de três dias, em que as ameaças se tornaram ainda mais profusas.

Como aqui já se fez, Torres compara as mortes pela Covid com acidentes aéreos;

Nós estamos com um avião caindo por dia de óbitos de Covid-19 em todas as faixas etárias. Imagina você como repórter noticiar na segunda-feira “um avião caiu”. Aí você, na terça-feira, diz de novo: “um avião caiu”. Na quarta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Na quinta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Estou sendo repetitivo para que as pessoas entendam o que estamos falando. É irresponsável dizer que a pandemia acabou. Quem diz isso deveria falar à família dos mortos desses aviões que caem todo dia. Todo dia um avião cai em território nacional…

O diretor-presidente da Anvisa diz que não são casuais estas situações inexplicáveis: para ele, há um “perfeito alinhamento político” entre o que faz (e deixa de fazer) o Ministério da Saúde e a vontade do presidente da República.

Em qualquer país do mundo, o que diz Barra Torres tem densidade suficiente para que se abram processo contra Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga por crime de responsabilidade contra o direito essencial à Saúde.

É público, está num grande jornal, o que falta para que o Ministério Público abra inquérito para que se respondam as perguntas formuladas por Barra Torres. É claro, porém, que não irá a lugar nenhum, mesmo que se vá bater ao STF pedindo que se apurem e atribuam as responsabilidade pela inação do presidente e de seu ministro.

Ao menos, não agora. Mas, amanhã, o libelo de Barra Torres há de ser ouvido num tribunal.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

‘Não servirás à democracia de mortalha’

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#FernandoBrito #Tijolaço

07/09/2021
8:20 am 

Na escola primária, ainda, ouvi perplexo os versos de Castro Alves à bandeira – ainda a Imperial – com aquele lamento do “antes te houvessem roto na batalha/ Que servires a um povo de mortalha!”. As palavras eram complicadas para o menino, mas a ideia, não.

Valheu-lhe para, durante toda uma vida, entender que povo e pátria são uma só ideia e que a bandeira brasileira será o “manto impuro de bacante fria” quando não abrigar e acolher seu povo.

Pois mais de meio século depois, é no poeta que eu penso, vendo o auriverde pendão da minha terra ser tripudiado, na praça-centro do país, servindo de estandarte do ódio, das armas, da violência, da escuridão, do obscurantismo e da morte.

Sim, da morte que deveria enlutar o país, pelos 580 mil que se foram, certamente por serem “fracos, maricas”, o que a vergonha humana que no governo se instala é a maior razão dos óbitos, o medo. Como aos negros na travessia, “,que morram alguns, e daí?”

E o sentimento que vem, angustiado, é de que a bandeira brasileira foi sequestrada, usurpada por uma gente má, que há muitos anos escondia-se nas frestas da Nação e agora, como ratos, invadem a nossa capital.

Gente que tem tudo – picapes de luxo, caminhões possantes, motos que urram – mas que não se satisfaz senão com a escravidão dos trabalhadores e a procuração de Deus que afirmam ter para lançar-nos ao inferno da intolerância.

Querem fuzis e fome, pistolas e doença, são patriotas de bandeira americana, com o paraíso em Miami e a polícia como lei. Os chapelões com que desfilam protegem o vazio de suas mentes.

Passou da hora de análises políticas, passou da hora de manifestos e abaixo assinados.

A pátria-mãe, gentil, está nas mãos dos brutos.

Retirá-la deles é um dever. Rejeitar a ditadura, como recusar a escravidão, não é ser de direita ou de esquerda, é escolher a civilização e a barbárie.

O grito deste Sete de Setembro não é o da independência. é o da selvageria e ao capitão deste navio negreiro em que querem nos tornar, atiraremos ao mar pelo voto.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

O dia na CPI: “chapéu de otário é marreta”

#Tijolaço

#FernandoBrito

O interrogatório de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, desenhou claramente o que acontecia por lá .

Ficou evidente que havia duas forças em choque: Dias, indicado do deputado Ricardo Barros e as “forças especiais” de Élcio Franco e, portanto, de Eduardo Pazuello.

As duas correntes entraram em choque, quando Dias cria obstáculos a uma compra de extratores de testes para Covid com preço escandalosamente superfaturados.

A história começa em junho do ano passado, quando o governo dispensa os dois auxiliares diretos de Dias no departamento: dia 9 de junho, o tenente-coronel Alex Lial Marinho vai para a Coordenadoria-Geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde, no lugar de Fabiane Karwowski e,seis dias depois, com a designação do também tenente-coronel Marcelo Batista Costa no lugar de Luciana Karkowski.

As duas Karkowski são do Paraná, estado de Ricardo Barros. Acaso, acaso…

A solução então era tirar Dias do caminho sem dar um tapa em Ricardo Barros. E isso se faria com sua exoneração ser “casada” com sua indicação para a Anvisa, feita em agosto de 2020.

Mas vem à luz que Dias, em 18 de Setembro, toma uma posição de anular um contrato para testes anticovid que, segundo ele, estava cheio de “vícios”.

Isso sai no Estadão no dia 26 de outubro e Bolsonaro retira a indicação de seu nome mesmo dia.

Mas era preciso contornar a defesa da posição de Ricardo Barros no Ministério e Dias, mesmo cercado de “forças especiais” seguiu no cargo, mas “jurado de morte”.

No início de janeiro, quando, depois de muita resistência, o governo cede a fazer negociações para a compra de vacinas, uma portaria retira todos os poderes de Dias nas negociações de imunizantes para a Covid.

Se o caso do Cabo Dominghetti-Davani, para a compra de 400 milhões de vacinas – que só pela quantidade fedia a armação – foi arranjado para fazer “crescer o olho” de Dias ou se ele é idiota de “combinar” um negócio desta monta num “happy hour” de shopping, não importa. Como disse há dias o presidente da CPI, Omar Aziz, “chapéu de otário é marreta” e, por gula, relacionar-se com um óbvio estelionatário, caiu a Dias o papel de otário, querendo morder mais do que lhe cabia na boca.

Importa é que finalmente houve um caso público, com a história do pedido de um dólar, para degolar, sem possibilidade de defesa, o afilhado de Barros do Ministério.

Impedido de apontar diretamente o seu conflito com Élcio Franco como causa da sua desgraça, passou o tempo todo fazendo apenas insinuações.

Ainda assim, coloca Élcio Franco em posição difícil, porque não pode dizer que era Ricardo Barros, o líder de Bolsonaro na Câmara, que mantinha e continuava a tentar manter, o controle dos “pixulés” a quem Eduardo Pazuello atribuiu sua queda.


#Brasil #covid-19 #CPIdoGenocídio #política #corrupção

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Bolsonaro: “É coisa do Ricardo Barros”, disse a deputado sobre Covaxin

#FernandoBrito #Tijolaço
25/06/2021
10:03 pm

Depois de muita pressão, a senadora Simone Tebet acaba de arrancar do depoimento do deputado Luís Miranda, um bolsonarista, a confissão de que Jair Bolsonaro, ao ser comunicado das irregularidades da compra da vacina indiana da Covaxin, disse que aquilo “era coisa do Ricardo Barros”, deputado que é líder do Governo na Câmara.

Barros, como se sabe , foi quem contratou a Precisa Medicamentos quando era Ministro da saúde de Michel Temer, num contrato que nunca foi cumprido e que virou um inquérito policial e que apresentou emenda para que um reconhecimento maroto da Covaxin pela agência de medicamentos da Índia.

A confissão é gravíssima porque revela que o presidente da República sabia das irregularidades e deixou “pra lá” porque isso lhe convinha politicamente.

Jair Bolsonaro, agora, é um investigado pela CPI, ainda que ele não possa ser convocado a depor, e isso deve ser encaminhado imediatamente ao Ministério Público, que pode pedir à Câmara para investigar o Presidente.

A crise subiu de patamar.