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hudsonlacerda@diasporabr.com.br

“Não sei se Lula será eleito, mas entrevista já é histórica e digo por quê” (Reinaldo Azevedo)

Colunista do UOL

25/08/2022 23h38

Goste-se ou não, a verdade é que o ex-presidente Lula fez uma exibição de gala no Jornal Nacional. Foi bem mais do que uma entrevista no que lhe disse respeito: uma exibição de destreza discursiva como raramente vi. E não! William Bonner e Renata Vasconcellos não colaboraram para a performance brilhante do candidato — não como "parceiros", quero dizer. Fizeram o seu trabalho, com perguntas duras e contraposições que buscavam confrontar o interlocutor com escolhas pregressas e dificuldades futuras se eleito.

Ocorre que Lula estava preparado e não se deixou acuar em nenhum momento. Ultrapassou com extrema habilidade a bateria lava-jatista. E disse algumas coisas óbvias: houve corrupção. Há confissões e devolução de dinheiro. Lastimou, e também lastimo, que delatores tenham se dado bem e saído com o bolso cheio de grana. Mas ele próprio, hoje livre de processos, e o PT não interferiram nem no MPF ou na PF. Verdade ou mentira? Lamentou os desvios politiqueiros da operação. Sergio Moro virou ministro de Jair Bolsonaro e hoje é candidato a cargo eletivo, junto com Deltan Dallagnol. Acertou ao dizer que países investigam corrupção sem quebrar empresas. Fato? Fato.

Sem precisar se estender, evidenciava-se um MPF que hoje se subordina aos interesses do Planalto e uma PF que vive sob constante assédio. E não se conta aqui nenhuma novidade. O jornalismo, com efeito, pode virar os seus arquivos do avesso e não encontrará interferência do PT nas investigações. Lula até listou, de cara, medidas que seu partido patrocinou contra a corrupção. Eu, por exemplo, na contramão de quase toda a imprensa, não gosto da Lei da Leniência como está e da Lei das Organizações Criminosas (a das delações) — 12.846 e 12.850, respectivamente. As medidas citadas são verdadeiras.

MENSALÃO E ORÇAMENTO SECRETO
Quando o mensalão foi levado à mesa, sempre sem defender desmandos, Lula contrapôs o chamado "Orçamento Secreto". Qualquer pessoa que saiba um tantinho do riscado sabe que o primeiro é folguedo infantil perto do segundo. Nada menos de R$ 16 bilhões neste ano; há R$ 19 bilhões reservados para o ano que vem. Renata chegou a falar nas "moedas de troca" para governar, e o candidato fez um contraponto cirúrgico: "Não é moeda de troca; é usurpação de um Poder". E emendou que Bolsonaro hoje não governa, tornando-se um "bobo da corte".

Na mosca! E governa? Hoje, Ciro Nogueira e Arthur Lira estão mais desesperados do que o próprio Bolsonaro. Governam o Brasil sem precisar vencer eleição. A quem os empresários e banqueiros realmente procuram? Se alguém tem alguma demanda importante que requeira mobilização do governo, tem de falar com quem? Com Bolsonaro? Ele estará muito ocupado a sonhar com golpe de estado, pregando luta armada "em nome da nossa liberdade". Lira e Nogueira cuidam do cofre.

Mas Lula é experimentado e sabe que não se governa o país sem o Congresso. Logo, lembrou que é preciso se entender com os partidos. Acertadamente, observou que o Centrão não é um deles. Sim, terá de ser com o tal "presidencialismo de coalizão". Mas isso não expõe o governo ao risco da corrupção?, quiseram saber. Ora, sendo livre a investigação, toca-se a vida. O que não é possível é governar sem os partidos.

PGR
Lula não disse se indicará o futuro procurador-geral da República a partir de uma lista tríplice -- COISA QUE A CONSTITUIÇÃO NÃO PREVÊ -- ou se apelará a algum outro modelo. E fez muito bem. Como já escrevi aqui, Rodrigo Janot, da lista, jogou o país no buraco. Augusto Aras, fora da lista, aprofunda o desastre. "Males distintos e combinados". É preciso, disse ele, que seja alguém que respeite as leis e o povo brasileiro.

Tenho natureza anticorporativista. A ANPR é um sindicato. Um governo não tem de se subordinar a uma entidade sindical de procuradores. De resto, o procurador-geral é chefe do Ministério Público da União, não apenas do MPF. No meu modelo, o PGR não precisa nem mesmo pertencer aos quadros do Ministério Público, a exemplo do que se dá nos Estados Unidos, querida imprensa brasileira. O cargo mais importante da República não pode derivar de uma corporação de ofício. Foi o MPF de Janot que nos jogou num vale de fascistoides ensandecidos. Vamos com calma.

GOVERNO DILMA
Lula deixou claro que não joga os seus ao mar. Reconheceu virtudes, mas também erros de condução no governo Dilma e lembrou que, se eleito, é ele quem volta a governar, não a ex-presidente -- que, reitero, mereceu tratamento digno. E William Bonner lembrou os números ruins da gestão, que Lula circunstanciou, mas sem bater boca.

Aliás, note-se que o ex-presidente estava calmo e seguro, com discurso fluente, sem repetir palavras e sem grunhidos de hesitação de quem está à procura do melhor vocábulo. Mostrava-se muito seguro no papel e, como se costuma dizer, "muito presidencial", para tristeza, certamente, de muita gente. Conseguiu até expressar uma leitura virtuosa do "nós contra eles", apelando, como já fez outras vezes, ao jogo de futebol.

Em mais um acerto, disse que o Brasil era melhor, no que respeita aos embates ideológicos, quando PT e PSDB pareciam ser os, agora digo eu, "extremos possíveis". Mas, por óbvio, as coisas não são assim hoje em dia. Tenho respeito por aqueles que não jogam os seus ao mar diante da primeira dificuldade ou da primeira oportunidade. De resto, Dilma sofreu um processo de impeachment sem que pese contra ela nem suspeita remota de corrupção. E caiu pelas mãos dos que engendraram o Orçamento Secreto de R$ 19 bilhões.

HUMOR
Se Lula guarda algum rancor, então esconde muito bem. Calmo, sereno, tranquilo. E se sabe que comeu o pão que o diabo amassou. Alguns acham que isso é coisa corriqueira. Penso que não. Lembro das perdas que sofreu desde que caiu em desgraça e acho que é preciso ter uma têmpera especial para suportar tantos desaires, incluindo 580 dias na cadeia, numa condenação sem provas, arquitetada por alguém que agora implora migalhas de atenção da "reacionaria" bolsonarista. Em nenhum momento se deixou desestabilizar. Equilíbrio emocional é importante a um político. Alguém viu ali o líder que estaria disposto a mandar os empresários para a guilhotina, como Ciro Nogueira, o dono do centrão, tenta vender por aí? É claro que não. É que Nogueira não quer perder o comando do governo, cargo para o qual não foi eleito por ninguém.

Coube, aliás, ao próprio Lula desarmar uma arapuca óbvia: ao exaltar a divergência e a pluralidade, não precisou que outros citassem. Ele próprio deu como exemplos de monolitos incompatíveis com a democracia o PC Chinês e o PC Cubano. A partir dali, estava pronto para responder à questão da pluralidade e da democracia.

E, no acerto dos acertos, deixou claro que, se eleito, tocará o governo em parceria com Geraldo Alckmin, exaltado mais de uma vez ao longo da entrevista. "É mentira! Lula está enganando você. Ele fala do Alckmin para parecer um social-democrata, mas é um comunista carnívoro..." É mesmo, Ciro Nogueira?

Se um dia a social-democracia, com esse nome, vier a tomar corpo no Brasil, que tenha o discurso de Lula. Se eleito e se fizer porcaria, que arque com as consequências que isso pode ter num regime democrático. Repudio é gente que apela às armas para silenciar ou resolver as divergências.

Pior: os bolsonaristas nem poderão dizer que William Bonner e Renata Vasconcellos foram "bonzinhos" com o petista. Não foram, não! Mas é a velha história: uma entrevista é obra de quem pergunta, claro!, mas é sobretudo o produto de quem responde.

Lula não foi ao Jornal Nacional para que seus seguidores produzissem memes. Foi porque quer a Presidência da República.

#Brasil #Lula #MST #política #PT #democracia

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez concede entrevista a Mônica Bergamo na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo Rubens Cavallari - 26.jul.2022/Folhapress

28.jul.2022 às 4h00

#MônicaBergamo é jornalista e colunista.


No próximo dia 7, a #Colômbia viverá um momento histórico: #GustavoPetro, eleito presidente em junho, tomará posse como primeiro presidente de #esquerda da história do país.

Mais simbólica ainda será a chegada da vice-presidente eleita, #FranciaMárquez, ao poder. Aos 40 anos, advogada e ativista ambiental, ela será a primeira #mulher #negra a ocupar um cargo tão elevado na hierarquia colombiana.

Francia nasceu em Suárez, no Vale do Cauca, e ficou conhecida pela luta contra a mineração ilegal. Mãe solo aos 16 anos (ela hoje tem dois filhos), trabalhou como empregada doméstica para pagar os estudos.

A força de sua figura emblemática fez com que ela tivesse uma agenda superlotada na terça (26) em São Paulo, onde se encontrou com o ex-presidente #Lula ( #PT ). Na mesma tarde, abriu espaço para se reunir com lideranças de movimentos negros, do #MST, do #PSOL e lideranças #LGBTQIA+ na sede da Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT.

Anotou tudo o que ouviu, tirou selfies e depois partiu para o Rio de Janeiro para se encontrar com novas lideranças.

Antes de viajar, Francia Márquez concedeu uma entrevista à coluna em que defendeu a legalização das drogas, revelou como mulheres negras na Colômbia foram violentadas e marcadas como animais, reconheceu que a esquerda governará em contexto mundial adverso e disse torcer pela eleição de Lula.

A senhora veio ao Brasil e se reuniu com Lula e com diversas lideranças políticas e sociais —nenhuma delas ligada a Jair Bolsonaro. Como vai ser a relação de seu governo, que começa em agosto, com o dele, que fica no cargo pelo menos até dezembro?

Eu vim ao Brasil para me reunir com líderes políticos e sociais, tanto do movimento negro quanto de esquerda. Acabo de falar com o candidato à Presidência do Brasil que espero que ganhe as eleições, Lula da Silva.

E digo isso porque acredito que Lula é o único presidente que levou em consideração os direitos da população negra no Brasil. Um país em que mais de 50% das pessoas são negras tem que pensar em políticas de governo a favor dessa população.

É como uma diáspora africana, uma diáspora de descendência africana. Temos um enraizamento negro profundo. Brasil e a Colômbia são os dois países da América Latina com a maior população afrodescendente da região.

São cerca de 200 milhões de afrodescendentes ou negros, o que exige uma política internacional para lutas contra o racismo.

Em segundo lugar, sou a primeira mulher de ascendência africana a ser eleita vice-presidente da Colômbia, em duzentos anos [de pleitos eleitorais]. E a segunda da região [antes dela, #EpsyCampbell foi eleita vice-presidente da #CostaRica, em 2018].

Nesse sentido, meu compromisso, além da responsabilidade legal que tenho na Colômbia, é também de impulsionar as lutas dos movimentos sociais negros, dos movimentos #indígenas, dos movimentos #camponeses, dos movimentos #ambientais que ajudam a enfrentar o desafio da crise ambiental, dos movimentos de #mulheres por seus #direitos à #igualdade e #justiça. Essa é a razão pela qual vim ao Brasil.

Sobre o governo #Bolsonaro: o povo brasileiro votou nele. E respeitamos essa decisão, ainda que não concordemos com as ideias e políticas dele.

Temos políticas de compromisso social, e as políticas do presidente Bolsonaro são de outra dimensão. Mas nós o respeitamos porque o povo brasileiro votou nele, e os povos têm autonomia para decidir sobre seu destino. Tentaremos ter as relações necessárias e possíveis para que haja tranquilidade na região.

Há algum temor de que o presidente Bolsonaro não respeite o resultado das #eleições brasileiras e haja turbulências? Vocês têm isso no radar?

Na Colômbia também enfrentamos o processo eleitoral com muitos receios. Nos últimos dias de campanha, [o candidato a presidente] Gustavo Petro e eu precisamos fazer discursos cercados por escudos antibalas por causa das ameaças de assassinato que recebíamos.

Foi muito complicado. E esperamos que esse processo no Brasil seja democrático, tranquilo, que transcorra em paz e que os brasileiros tomem a sua decisão.

Se o processo democrático não for respeitado, haverá uma violação aos direitos humanos.

Se isso ocorrer, vocês, brasileiros, teriam que ver em primeiro lugar o que fazer. E nós levantaríamos a nossa voz a favor da democracia na região, a favor da paz, a favor da garantia dos direitos humanos com todo o respeito que cada governo e cada país merece.

A senhora é #ambientalista, e a Colômbia compartilha a #floresta amazônica com o Brasil. Como vê as políticas do governo Bolsonaro para a região?

A #Amazônia é compartilhada por #Brasil, #Peru, Colômbia. E, nesse sentido, é um ecossistema. Um governo que não pensa em conservar ou proteger a Amazônia, reconhecendo que ela é o pulmão do mundo, que grande parte da biodiversidade do ar e da vida é gerada neste lugar, é um fracasso.

Conservar e cuidar da floresta é um desafio, sim, para o nosso governo e para o governo do Brasil, frente à crise ambiental do planeta.

De nossa parte, acompanhamos a decisão dos povos de cuidarem de seu território como um espaço de vida.

Nosso governo se comprometeu a fazer a #transição da #economia extrativista para a economia sustentável. E vamos trabalhar nisso. É claro que a mudança não acontece da noite para o dia. É um processo que implica adaptações institucionais, normativas, #pesquisa, #ciência e #tecnologia para fazer essas inovações.

Mas é uma necessidade mudarmos para um modelo econômico que seja sustentável. Na Colômbia, estamos dispostos a começar a jornada. Esperamos que isso aconteça em toda a região.

A Colômbia elegeu pela primeira vez em sua história um governo de esquerda. Países como #Chile, #Bolívia e #Argentina também têm presidentes desse campo político, o que tem sido visto como uma nova "onda rosa" no continente. Caso Lula não ganhe as eleições, essa onda perderia força? Ficaria mais difícil implantar as políticas que defendem?

Se Lula ganhar, seguramente será mais fácil promover essas agendas pois seu governo já tinha começado a adotar políticas de inclusão, de erradicação da fome, políticas para garantir a participação de mulheres.

Se ele não vencer as eleições, os movimentos brasileiros vão seguir na resistência, não? E nós, desde a Colômbia, vamos ter que ver como nos articularemos com o movimento do Brasil, que é enorme, que é diverso, que é gigante e coloca as lutas sobre a mesa.

Mas se Lula ganhar será magnífico porque não somente vamos nos articular entre movimentos sociais, mas também com um governo que terá agendas muito semelhantes às que impulsionaremos a partir da Colômbia.

Na primeira "onda rosa" da América Latina, no começo dos anos 2000, o momento econômico era muito favorável. E agora há pandemia, guerra, inflação e recessão. E uma nova direita emergiu com força nesses países. Será possível à esquerda repetir os êxitos de distribuir renda e tirar tantas pessoas da pobreza? Ou pode haver uma grande frustração?

A Colômbia nunca fez parte dessa onda. Os governos do país sempre foram de #direita ou de #ultradireita. Os povos étnicos, os movimentos de esquerda nunca tiveram a oportunidade de governar.

É a nossa primeira experiência de governo. O momento é mais difícil, mas ele seria difícil também para um governo de direita.

Ainda que adverso, assumimos a necessidade de mudanças. E vamos implementá-las, em meio às diferenças e às possibilidades que se apresentam. A Colômbia tem vários #desafios, e um deles é chegar à #paz. Se alcançarmos a paz completa na Colômbia, toda a região se beneficiará. Estamos buscando um grande acordo nacional.

Outro desafio é enfrentar o #racismo estrutural.

Vamos criar o Ministério da Igualdade, fundamental para que o país comece a reconhecer que existem comunidades vulneráveis, que as maiorias não têm condições básicas para viver com dignidade, que há uma desigualdade histórica no país que precisa ser superada.

Vamos criar também a Comissão de Reparação Histórica sobre os efeitos da #escravidão e do #colonialismo.

Além do cenário econômico adverso, vocês têm também uma #oposição de direita muito forte no #Congresso. De novo: as #expectativas geradas não estão muito altas?

É claro que as pessoas têm expectativas, pois nunca antes houve um governo progressista e de esquerda. Mas temos sido muito honestos. Obviamente que não se transformam 500 anos de opressão, exclusão e violência em apenas quatro anos [duração do mandato de Gustavo Pietro e da vice].

Seguramente muitas das mudanças que desejamos não conseguiremos fazer. Mas temos focado em alguns pontos, como os acordos de paz, as questões energéticas, a recuperação da produção do campo colombiano. Talvez não com uma #reformaagrária, que é o desafio maior, mas com o que já existe. O Estado tem terras, as famílias têm terras, os indígenas têm terras produtivas.

O que todos precisam é de apoio para produzir: Subsídios, estrada, infraestrutura, conectividade, tecnologia para desenvolver seus projetos.

Os #EUA e a Colômbia há muitos anos declararam a chamada #guerra às #drogas. A senhora acredita na sinceridade dessa guerra? Ou ela serviu de pretexto para que os norte-americanos pudessem ter uma presença militar muito forte no país, com sete bases e inclusive deslocamento interno de tropas? Como será a partir de agora a relação entre os dois países?

A ideia é fortalecer a relação com os Estados Unidos. Já estamos falando com eles a partir de novos enfoques. Não o de segurança, mas, sim, o de justiça social, o de enfrentamento das mudanças climáticas.

Estamos conversando sobre novos caminhos para mudarmos o paradigma da #política antidrogas, que tem sido ineficaz, que tem deixado mortos nos territórios e riquezas nos bancos. Que tem levado corrupção às instituições do Estado colombiano.

Conversamos agora em termos de regularização, de legalização [das drogas], de mudar o uso da #coca e da #maconha para produzir #medicamentos, #alimentos e para uso na indústria #têxtil.

A senhora acredita que a Colômbia está pronta para discutir a legalização das drogas?

Nunca esteve pronta. Assim como nunca esteve pronta para ter uma vice-presidente mulher e negra. E aqui estou eu.

Nenhum país nunca estará pronto [para certos temas] se não fazemos o exercício da mudança. O Brasil nunca estará pronto para a participação das mulheres se algumas não se atrevem a disputar o poder. Há que fazer. Há que tentar, pelo menos. E é isso o que nós vamos fazer.

E a presença #militar dos EUA na Colômbia?

Ainda não dialogamos sobre isso. O que, sim, vamos fazer é uma #reforma nas #polícias para que elas atuem de acordo com os #direitoshumanos, para que jovens, camponeses e líderes sociais colombianos deixem de morrer, para que elas recuperem a confiança da sociedade.

​A Colômbia voltará a ter relações com a #Venezuela e reconhecerá #NicolásMaduro como presidente do país?

Claro que sim. Ele é o presidente. Vamos rever as relações com a Venezuela para garantir os direitos sobretudo de todas as pessoas que vivem nas fronteiras e que foram afetadas por essa política violenta entre a Colômbia e aquele país. Vamos resolver o conflito fronteiriço, reativar o comércio que existia nas fronteiras e encontrar o caminho que nos permita sair desse conflito armado.

Como vê o governo de Maduro?

Eu o respeito tanto quanto respeito o governo do Brasil. Seguramente não compartilhamos de muitas coisas, mas é o governo que os venezuelanos elegeram, assim como Bolsonaro é o presidente que vocês elegeram aqui. Então nós os respeitamos e reconhecemos.

Reconhecemos a autonomia e a autodeterminação dos povos, mesmo que não estejamos de acordo com eles. Mas, em meio a divergências e desacordos, eu acredito que se pode construir.

A ex-presidente #Dilma Rousseff dizia que os homens no poder, por mais duros que sejam, são vistos como firmes, decididos. E que o olhar para a mulher é diferente, há muitos preconceitos. É isso mesmo. Nenhuma mulher que não tenha caráter vai chegar a um lugar como o que eu cheguei. Para chegar ao poder, se necessita caráter, mostrar que somos capazes.

Na campanha, diziam a meu respeito: "Ah, por que ela não ri?". Porque não há do que rir. A mulher não tem que estar todo o tempo sorrindo na política. Os homens não sorriem todo o tempo.

#machismo na política, e temos que romper com isso. Com os estereótipos e com as formas erradas de se medir as mulheres na política. Eu acredito que temos o direito de nos expressarmos da forma que queiramos. Isso também é bem político.

​> Há hoje questionamentos sobre o que se chama de "feminismo branco", em que os problemas e anseios das mulheres #negras não teriam sido reconhecidos. Como você se relaciona com o feminismo e o que pensa disso?

Eu venho reconhecendo o #feminismo e aprendendo [com ele], reconstruindo-me do machismo também. Mas reconhecendo que as violências patriarcais e de #gênero não afetam todas as mulheres da mesma maneira, ainda que sejam as mesmas violências.

Portanto, as políticas têm que levar em consideração a interseccionalidade de raça, classe e gênero.

A Comissão da Verdade na Colômbia acaba de entregar o relatório específico sobre povos étnicos, negros e indígenas. Ele mostra que uma grande parte das mulheres do país experimentou efeitos desproporcionais do conflito armado. Muitas foram estupradas. Mas as mulheres negras, além disso, foram marcadas, como no tempo da escravidão.

Isso mostra o nexo entre o racismo e o conflito armado. Os atores armados, além de violarem aquele #corpo por ser mulher, consideraram que, por ser negra, poderiam marcá-la como a um animal.

fa@venera.social

Adiada votação da PEC kamikaze: “A emergência é tentativa de B0Is0nar0 transferir a deputados e senadores o seu #CrimeEleitoral ”, denuncia o deputado #ReginaldoLopes ( #PT MG) -
https://www.viomundo.com.br/politica/adiada-votacao-da-pec-kamikaze-a-emergencia-e-tentativa-de-bolsonaro-transferir-a-deputados-e-senadores-o-seu-crime-eleitoral-denuncia-lider-do-pt.html -
Via Viomundo -
"...“Não justifica reconhecer #EstadoDeEmergência com data para iniciar e data para terminar. A data é dentro do processo eleitoral. A #Emergência, de fato, é uma tentativa de enganar o povo brasileiro. É uma tentativa de transferir para o Parlamento a responsabilidade do desgoverno do B0Is0nar0 e de transferir para o conjunto de deputados e senadores o #CrimeEleitoral.”... -

faconti@joindiaspora.com

“Sinto-me elogiado”, responde o médico e ex-ministro da Saúde #AlexandrePadilha ( #PT SP ) sobre #Acusação de ter “ #Popularizado a medicina” por presidente do #CFM, Mauro #Ribeiro -
https://www.brasil247.com/brasil/sinto-me-elogiado-responde-padilha-sobre-acusacao-de-ter-popularizado-a-medicina-por-presidente-do-cfm -
RT Brasil 247 -
“…“Vocês não se sentiriam?”, indagou o ex-ministro da Saúde, que foi criticado, assim como a ex-presidenta #Dilma Rousseff, pelo presidente do Conselho Federal de Medicina…” -
. Bolsonaristas acham que #Pobres não tem direito a médicos, né? -