#direitos

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Lula nos deu uma chance de enfrentar um dilema sobre o Holocausto

#RonilsoPacheco
21/02/2024 07h34

Três dias se passaram e, no #Brasil, nós continuamos bombardeados pela repercussão da fala do presidente #Lula sobre a investida de #Israel contra o #Hamas em território palestino.

A "análise" mais repetida pela grande #imprensa no Brasil, em diferentes tons, por diferentes especialistas, sobre a fala de Lula foi basicamente que o "Holocausto dos #judeus não se compara". Sim, o #Holocausto é um doloroso referencial na nossa história. Mas por que o Holocausto seria #único? Essa não é uma pergunta de resposta simples.

Das aulas de Relações Internacionais aos comentários da grande imprensa ocidental sobre direito internacional, a naturalização do fato de o Holocausto dos judeus na segunda guerra, na #Europa, ter sido o "basta" para que o mundo elaborasse um compromisso global com os #direitos humanos, a partir de uma Declaração Universal não é trivial.

A definição territorial nas #Américas, de países como Brasil e Estados Unidos, custou a vida de mais de #70 #milhões de #indígenas. A travessia forçada pelo Atlântico dos navios #negreiros no contexto da #escravidão custou a vida de mais de #4 #milhões de #africanos e #africanas.

Em fins do século XIX, a investida colonial de Leopoldo II, da #Bélgica, assassinou mais de #10 #milhões de #homens e #mulheres no #Congo. A #Alemanha, entre 1904 e 1908, #dizimou a população da #Namíbia, os povos #Herero e #Nama. Um episódio cruel que ficou conhecido como o primeiro #genocídio do século XX.

O que dizer da própria segregação racial nos Estados Unidos, que, além de tratar pessoas negras como lixo e à margem da vida cívica, trazia junto o elemento do #linchamento. Era "comum" que pessoas negras fossem linchadas até a morte e os corpos eram pendurados em árvores.

Como o mundo #conviveu com isso, sem se reunir para encontrar uma saída e a responsabilização dos culpados?

Importante ressaltar que, sim, os #nazistas de #Hitler foram buscar nas técnicas #alemãs usadas contra a Namíbia a inspiração para desenvolver os campos de concentração. E, também, foram literalmente aos #EstadosUnidos durante a #segregação para #aprender sobre ela e ter, assim, o conhecimento técnico que ajudaria a desenvolver os #guetos para confinar os judeus.

É possível pensar a partir disso que, se a Namíbia tivesse sido o momento do "basta", ou a gestão da segregação de pessoas negras nos Estados tivessem provocado uma represália global, talvez, e apenas talvez, o próprio ambiente para que o Holocausto ocorresse na Alemanha de Hitler teria sido evitado.

Então, eu volto à pergunta anterior. O que tornou o genocídio dos judeus pela Alemanha nazista uma "barbárie real", a verdadeira "banalização do mal", enquanto todos os episódios anteriores, mesmo com características semelhantes, eram vistos e tratados como apenas " #História "?

Recorrer à imagem do Holocausto como referência não pode ser uma ofensa ao povo judeu por si só. As palavras também são alvo de disputas, dependendo do poder de imagem que elas possuam. E, neste sentido, o Holocausto tem muito #poder.

Por isso, o Holocausto é também um importante "recurso descritivo", e o episódio da fala de Lula é bem ilustrativo sobre isso. É pelo desconforto que o Holocausto causa que ele pode ser acionado como um recurso para comunicar a #gravidade, o #absurdo de algo.

O #desconforto causado pela comparação da #escravidão com o #Holocausto parece ser a chave para que alguém, principalmente uma pessoa #branca, consiga captar que escravidão não diz respeito apenas a pessoas negras forçadas a trabalhar, exploradas por senhores brancos. Como o Holocausto, a escravidão era sobre gente tratada como lixo, bestializadas, com a dignidade humilhada, torturada com trabalhos forçados e cruelmente executada depois.

Nem tudo pode ser comparável ao Holocausto. Nem toda comparação é válida. Mas nem toda comparação é uma diminuição da dor e do sofrimento do povo judeu.

#Lula foi muito #específico no uso da #comparação. Sua crítica foi ao exército de Israel e à forma como Netanyahu e seus generais conduzem o conflito. A crítica de Lula está correta, e parece que grande parte dos líderes globais entenderam exatamente isso. O Holocausto é único para os judeus. E isso deve ser respeitado.

Mas tratar o Holocausto como único na História, incomparável com o #extermínio em massa de qualquer outro povo, uma espécie de propriedade exclusiva, não é interessante nem mesmo para o povo judeu.

É um #excepcionalismo que, no limite, expõe o quanto alguns sofrimentos na história são mais importantes e envolvem #vidas que realmente #valem #mais do que #outras. O Holocausto é um mal histórico que assume múltiplas formas na história atravessando povos distintos.

O que também pode forjar o elo de #solidariedade entre os povos oprimidos e perseguidos pelos senhores da guerra. Como o povo palestino pode estar sofrendo agora sob Netanyahu.

#israel #Palestina #Palestine #genocídio

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Os quatro cavaleiros da III Guerra. Por Chris Hedges

#Biden sempre foi um ardente #militarista – ele estava clamando por uma #guerra com o Iraque cinco anos antes da invasão dos EUA. Ele construiu sua carreira política respondendo ao #asco da classe média branca pelos movimentos populares, incluindo os movimentos anti-guerra e pelos #direitos civis, que convulsionaram o país nas décadas de 1960 e 1970. É um #republicano #disfarçado de #democrata. Ele se juntou aos #segregacionistas do sul para se opor à entrada de estudantes #negros em escolas exclusivas para #brancos. Ele se opôs ao financiamento federal de abortos e apoiou uma #emenda constitucional que permite aos estados #restringir o #aborto. Ele atacou o presidente George H. W. #Bush em 1989 por ser demasiado #brando na “guerra às #drogas”. Ele foi um dos arquitetos do Projeto de #lei #criminal de 1994 e um uma série de outras leis draconianas que mais do que duplicaram a população carcerária dos EUA, militarizaram a #polícia e levaram à aprovação de leis sobre drogas que levaram as pessoas à #prisão #perpétua sem liberdade condicional. Ele apoiou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, a maior traição da classe operária desde a Lei Taft-Hartley de 1947 [que #restringiu a #atividade #sindical no país como uma reação de um Congresso conservador a uma onda de #greves após a Segunda Guerra Mundial]. Ele sempre foi um estridente #defensor de #Israel, e se gabava de ter obtido mais #arrecadação de fundos para o Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel ( #AIPAC ) do que qualquer outro senador.

#Guerra #ChrisHedges #EUA #USA

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Vivaldo Barbosa: Os #101 #anos de #Brizola, um político de ideias e ação que sempre nos inspirará

22/01/2023 - 18h19

Por Vivaldo Barbosa

Hoje faz 101 anos que Leonel Brizola nasceu!

Brizola foi uma das figuras mais fulgurantes da política brasileira.

Fez reforma agrária no Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro, garantiu a posse da terra para que famílias pudessem construir sua casa ou trabalhar.

No Rio Grande Sul, espalhou por todo o Estado mais de 6 mil escolas pequenas, as chamadas brizoletas. Eram escolas de apenas uma sala, geralmente nas fazenas, vilas.

No Rio de Janeiro, foram mais de 500 escolas integrais, os famosos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), cada um com capacidade para mil crianças.

Aí, elas ficavam o dia todo. Tinham comida, segundo professor para ajudar nos estudos, médico, dentista, esporte. Alguns até piscina.

Em cada CIEP, existiam também duas casas para crianças sem lar, onde moravam um casal, os chamados pais sociais.

Fez a Universidade do Norte Fluminense.

Brizola liderou a movimentação civil mais ampla na história do Brasil na luta pela posse de Jango na Rebelião da Legalidade e venceu os golpistas. A sua eleição para governador do Rio de Janeiro marcou o início do fim da ditadura.

Enfrentou os interesses do Império ao desapropriar no Rio Grande do Sul as empresas de energia elétrica e de telefonia que travavam o desenvolvimento do Estado.

Mais tarde, fez uma movimentação internacional pela extinção ou renegociação da dívida dos países do Terceiro Mundo.

Brizola era um político de ideias, pensamento e ação.

Ele se dizia continuador das lutas do povo brasileiro, clamando por um fio da história que nos ajudasse a conduzir com coerência, dignidade, autonomia. Coerência, a sua natureza de ser. E coragem, coragem cívica.

Brizola sempre nos inspirou e continuará a nos inspirar.

Temos uma jornada pela frente. E Brizola continuará segurando nossas mãos. Em sua honra, continuaremos a sua luta.

Amanhã, 2ª feira, às 17hs, vamos homenageá-lo na sede do Movimento O Trabalhismo e do Movimento de Resistência Leonel Brizola. Foi onde, nas eleições, funcionou o comitê Brizo-Lula, no Rio de Janeiro.

Anote o endereço: rua Sete de Setembro, nº 112, 2º andar.

*Vivaldo Barbosa é do Movimento O Trabalhismo. Integra o Comitê BrizoLula, no Rio de Janeiro. Foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO

#Brasil #política #democracia #trabalhismo #trabalho #direitos #inspiração #exemplo #LeonelBrizola

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