#tijolaço

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Depoimento de Bolsonaro a PF é tragicomédia de erros

#FernandoBrito #Tijolaço

27/01/2022 8:30 pm

Tem hora e endereço marcados.

14 horas, na na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, localizada no SAIS, quadra 7, lote 23, Setor Policial Sul.

Vai ser um espetáculo para as câmeras de televisão e olhe lá se não teremos um grupo de agitadores para desagravar o primeiro presidente da República intimado para depor em uma unidade policial num inquérito onde ele mesmo é o alvo do possível crime. Ele havia prestado declarações sobre o caso Moro, mas recebendo o delegado no Planalto.

É o ápice de uma comédia de erros que começou numa das lives presidenciais onde, para sustentar sua história de fraude nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro exibiu um inquérito sigiloso da PF sobre uma tentativa de ataque aos computadores do Tribunal Superior Eleitoral.

Violação de sigilo explícita.

É duvidoso, porém, que as consequências disso sejam tratadas de forma tão primária pela Advocacia Geral da União, que atua na defesa de Bolsonaro.

No dia 29 de novembro, Bolsonaro foi intimado a prestar declarações, com prazo de 15 dias e podendo marcar a hora e o lugar para fazê-lo com discrição. Aceitou, mas pediu um prazo de 60 dias, alegando que “a agenda Presidencial, mormente neste período de final de ano, lhe impõe série de compromissos alguns deles em agendas externas que dificultam sobremaneira a sinalização de dia e hora no exíguo lapso ofertado pela Senhora Delegada de Polícia Federal”.

Viu-se, nas praias, como seu tempo era exíguo e sua agenda apertada.

Ainda assim, o ministro Alexandre de Moraes, à frente do inquérito, deu-lhe os 60 dias: os 15 já concedidos e mais 45, o que faz de amanhã a data limite.

Só que, ontem, já poucas horas antes de vencer o prazo, Bolsonaro mandou dizer que não só não marcaria hora para receber a PF como “declinava” do direito de prestar declarações.

Agora, Moraes marcou a tomada de depoimento e das duas uma: ou Bolsonaro, o valentão, vai e diz apenas que o povo tinha o direito de saber, ou Bolsonaro, o fujão, não aparece, “Não vou, e daí?”

E abre caminho para Moares, querendo, determinar a sua condução, o que provavelmente não ocorrerá, pela repercussão que o fato alcançaria.

É difícil imaginar o que pode acontecer, até porque Alexandre de Moraes, até aqui, não parece deixar que o intimidem.

Nada disso, claro, vai muito à frente, porque o Judiciário, sob a maneirosa presidência de Luís Fux, não vai peitar o Planalto. Mas Moraes também não vai ficar quieto e já começou a agir, quando determinou o fim do sigilo do processo – exceto dados bancários e fiscais – tão logo seja colhido (ou não colhido) o depoimento presidencial.

Só não sei se Bolsonaro se aborrecerá com a polêmica, ele adora se mostrar valente em brigas em que o seu cargo não o deixa perder.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Bolsonaro jamais seria um Zo’é

#FernandoBrito #Tijolaço

https://tijolaco.net/bolsonaro-jamais-seria-um-zoe/

A foto do jovem Tawy Zo’é levando nas costas o pai, Wahu Zo’é, fraco demais para caminhar seis horas até o posto de #saúde mais próximo de sua aldeia, é o maior tapa na cara que se poderia dar em Jair Bolsonaro por conta de sua demoníaca cruzada contra a #vacinação infantil (e também, contra a adulta, como todos sabemos).

Tawy marchou pela floresta para preservar a vida, entre barrancos, rios e animais, para defender vida de quem o fez viver e sobreviver.

Zo’é, nome da etnia, tem um significado simples de entender. Quer dizer “nós”, a palavra que os une e os fez enfrentar uma #história de tragédias.

Os Zo’é sabem, na sua memória coletiva, os perigos de uma epidemia.

Não as conheciam enquanto viviam isolados, mas passaram a entender o que era quando foram contatados por missionários #evangélicos em 1987. Para capturar suas almas, atraíram seus corpos como se atrai peixes com iscas, jogando-lhes “presentes”.

Em 2020, com as imagens impressionantes de Sebastião Salgado, o jornalista Leão Serva conta a história da tragédia que sucedeu a esta “pescaria de almas”.

20% dos Zo’é contatados pelos missionários morreram e outros tantos ficaram cegos, ou quase, por formas graves de conjuntivite viral ou por tracoma.

Só existem como comunidade porque, no início do governo Collor, o indigenista Sidney Possuelo, na #Funai, saiu em seu socorro, expulsou os “missionários” e levou assistência médica aos índios, restabelecendo, tanto quanto possível, a independência da sua vida.

Mas eles não desistiram e, no Governo Bolsonaro, voltaram à carga. Para a direção do departamento de índios isolados da Funai nomearam Ricardo Lopes Dias, um ex-missionário da Missão Novas Tribos do Brasil, a mesma que havia levado dor e morte aos Zo’é há mais de 30 anos.

Gente desta “tribo” canibal de mentes foi flagrada planejando atacar de novo a tribo. ““Nós vamos voltar para os Zo’é. Não sei como, mas nós vamos voltar”, diz um deles, Edward Gomes da Luz, ameaçando com a #evangelização forçadas: “A pessoa ou vai ajoelhar voluntariamente, adorando [ao deus #cristão] , ou vai ajoelhar #obrigatoriamente, temendo [ao deus cristão]”.

Estes áudios, divulgados pelo The Intercept, ajudaram a derrubar Lopes Dias do cargo, apesar do apoio da ministra Damares Alves.

A história por trás da foto mostra que Tawy Zo’é carrega mais que o velho e quase cego pai e por muito mais tempo que as 12 horas da ida e a volta até o posto de saúde.

É de perguntar ao presidente Jair Bolsonaro, que não quer que as #crianças se vacinem (ou aos generais que consideram capitular aos desejos presidenciais de que os seus soldados não sejam imunizados) se eles têm um milésimo da civilização daquele rapaz.

Não é que lhes falte a força, é que lhes falta o que os Zo’é trazem no nome: o “nós”, o sentido de pertencimento a um povo, uma Nação.

Bolsonaro não é Zo’é, porque lhe falta a ideia da coletividade,

O jovem Tawy jamais diria “e daí? todo mundo morre um dia, mesmo”.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Um libelo contra Herodes

#FernandoBrito #Tijolaço

A entrevista de Antônio Barra Torres, presidente da #Anvisa, ao jornal O Globo, é um dos libelos mais duros que já se fez a um governo e, um dia, será usado nos tribunais deste país.

Em três “perguntas” ele atira sobre o governo Bolsonaro e seu ministro da #Saúde a responsabilidade consciente pela #morte de crianças (e de adultos) por conta da #Covid-19.

“O ministério [ da Saúde] precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra. Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde a chegada da Covid até o início de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias.”

“Se (a consulta pública, usada pelo Ministério para adiar a #vacinação infantil) é uma ferramenta tão necessária, por que não foi usada em relação às outras faixas etárias, às outras vidas?”

A terceira pergunta é sobre as opiniões de pessoas que não trabalham com a análise vacinal: de que maneira isso pode influenciar numa decisão que é eminentemente técnica?

Torres termina as perguntas com uma direta e simples: “o que mais falta” para se iniciar a vacinação das crianças, uma vez que todas as entidades médicas e sanitárias a aprovaram?

Torres responsabiliza diretamente Jair Bolsonaro de instigar as #ameaças que os funcionários da Anvisa recebem, todos os dias, e que já somam mais de 170:

Tivemos uma [manifestação presidencial] em 16 de dezembro, que foi o pedido, dito por ele oficioso, quanto a nomes de envolvidos. A frase em si, palavra após palavra, se retirada do contexto, pode parecer apenas o exercício do supremo mandatário do país, no livre direito, de solicitar a informação que julgar necessária. Mas, quando essa frase é colocada no contexto, na entonação e em tudo o que foi dito naquela live, se entende que a intenção não era essa. Não era uma intenção apenas de saber os nomes.(…) No dia 19 de dezembro, o senhor presidente disse que é “inacreditável o que a Anvisa fez”, ou seja, reitera o sentido que deu na declaração do dia 16. Não há dúvida quanto ao que ocorreu nessa sequência de duas declarações, com intervalo de três dias, em que as ameaças se tornaram ainda mais profusas.

Como aqui já se fez, Torres compara as mortes pela Covid com acidentes aéreos;

Nós estamos com um avião caindo por dia de óbitos de Covid-19 em todas as faixas etárias. Imagina você como repórter noticiar na segunda-feira “um avião caiu”. Aí você, na terça-feira, diz de novo: “um avião caiu”. Na quarta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Na quinta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Estou sendo repetitivo para que as pessoas entendam o que estamos falando. É irresponsável dizer que a pandemia acabou. Quem diz isso deveria falar à família dos mortos desses aviões que caem todo dia. Todo dia um avião cai em território nacional…

O diretor-presidente da Anvisa diz que não são casuais estas situações inexplicáveis: para ele, há um “perfeito alinhamento político” entre o que faz (e deixa de fazer) o Ministério da Saúde e a vontade do presidente da República.

Em qualquer país do mundo, o que diz Barra Torres tem densidade suficiente para que se abram processo contra Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga por crime de responsabilidade contra o direito essencial à Saúde.

É público, está num grande jornal, o que falta para que o Ministério Público abra inquérito para que se respondam as perguntas formuladas por Barra Torres. É claro, porém, que não irá a lugar nenhum, mesmo que se vá bater ao STF pedindo que se apurem e atribuam as responsabilidade pela inação do presidente e de seu ministro.

Ao menos, não agora. Mas, amanhã, o libelo de Barra Torres há de ser ouvido num tribunal.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

‘Não servirás à democracia de mortalha’

https://tijolaco.net/nao-serviras-a-democracia-de-mortalha/

#FernandoBrito #Tijolaço

07/09/2021
8:20 am 

Na escola primária, ainda, ouvi perplexo os versos de Castro Alves à bandeira – ainda a Imperial – com aquele lamento do “antes te houvessem roto na batalha/ Que servires a um povo de mortalha!”. As palavras eram complicadas para o menino, mas a ideia, não.

Valheu-lhe para, durante toda uma vida, entender que povo e pátria são uma só ideia e que a bandeira brasileira será o “manto impuro de bacante fria” quando não abrigar e acolher seu povo.

Pois mais de meio século depois, é no poeta que eu penso, vendo o auriverde pendão da minha terra ser tripudiado, na praça-centro do país, servindo de estandarte do ódio, das armas, da violência, da escuridão, do obscurantismo e da morte.

Sim, da morte que deveria enlutar o país, pelos 580 mil que se foram, certamente por serem “fracos, maricas”, o que a vergonha humana que no governo se instala é a maior razão dos óbitos, o medo. Como aos negros na travessia, “,que morram alguns, e daí?”

E o sentimento que vem, angustiado, é de que a bandeira brasileira foi sequestrada, usurpada por uma gente má, que há muitos anos escondia-se nas frestas da Nação e agora, como ratos, invadem a nossa capital.

Gente que tem tudo – picapes de luxo, caminhões possantes, motos que urram – mas que não se satisfaz senão com a escravidão dos trabalhadores e a procuração de Deus que afirmam ter para lançar-nos ao inferno da intolerância.

Querem fuzis e fome, pistolas e doença, são patriotas de bandeira americana, com o paraíso em Miami e a polícia como lei. Os chapelões com que desfilam protegem o vazio de suas mentes.

Passou da hora de análises políticas, passou da hora de manifestos e abaixo assinados.

A pátria-mãe, gentil, está nas mãos dos brutos.

Retirá-la deles é um dever. Rejeitar a ditadura, como recusar a escravidão, não é ser de direita ou de esquerda, é escolher a civilização e a barbárie.

O grito deste Sete de Setembro não é o da independência. é o da selvageria e ao capitão deste navio negreiro em que querem nos tornar, atiraremos ao mar pelo voto.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

#Senador da #cloroquina fazia ‘lobby’ pela #Precisa

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Fernando Brito
18/08/2021
1:07 pm 

O bolsonaríssimo senador Luiz Carlos Heinze, famoso na CPI da Covid por citar, todos os dias, a cidadezinha catarinense de Racho Queimado (de menos de 3 mil habitantes) como prova de que a cloroquina é infalível contra o coronavírus, acaba de cair nas malhas da…CPI da Covid.

Reportagem de Constança Resende e Vinícius Sassine, na Folha, mostra que o senador, apesar da obtusidade que marca sua atuação, é bem esperto quando se trata de fazer lobby para negócios. Telefonemas, reuniões e “jeitinhos” provam que ele estava agindo intensamente para trazer para empresas veterinárias do Brasil o envasamento das suspeitíssimas vacinas indianas da Covaxin, que estão na mira das investigações de falcatruas no Ministério da Saúde.

Segundo relatos do embaixador brasileiro na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, disse que o senador “Heinze lhe comunicou que três empresas brasileiras de saúde animal estariam em tratativas com a Bharat Biotech (que produz a Covaxin) para adaptar suas plantas à produção de vacinas contra o coronavírus”, todas elas com acordos contratuais com a Precisa Medicamentos: a Boehringer, Ourofino e Ceva.

Já não é papel de senador fazer lobby, que dirá fazê-lo em favor de uma empresa que está sob investigação de uma CPI que ele próprio integra.

É a encarnação perfeita do “negocionismo” que imperou na Saúde brasileira.

Sua “defesa” é a de, candidamente, dizer que sua intenção, “era de viabilizar a produção de vacinas e permitir a imunização dos brasileiros”

Ainda que até agora não se tenha levantado o tema, é inevitável que se peça o afastamento de Heinze da CPI.

Talvez isso só se iniba porque quem assumiria seu lugar é o senador Flávio Bolsonaro.

#CPIdoGenocídio #Brasil #Tijolaço

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Fernando Brito: Lira vai se tornando um Cunha sem impeachment

Em duas semanas da volta do recesso parlamentar, já tivemos a aprovação da privatização dos Correios, da grilagem de terras públicas, uma “reforma” trabalhista, com a supressão de direitos básicos de trabalhadores, a PEC do voto impresso (esta numa derrota apenas formal do Governo), estamos em meio a uma reforma eleitoral (onde estamos comemorando apenas o “podia ser pior”) vamos para um arremedo de reforma tributária tresloucado e logo para uma reforma administrativa com mais do mesmo: tira-se dos pequenos e não se bole com os grandes.

#Brasil #política #plutocracia #Tijolaço