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Onde está Maria?

Por Cida Falabella Publicado em 7 de março de 2024 | 10h00

#Maria #mulheres #mulher #CidaFalabella #BH #MG #feminismo #women #feminism #cultura #culture #presépio #Natal #Christmas #sexism #cristão #evangélico #evangélica #censura #estupidez #machismo

https://www.otempo.com.br/opiniao/cida-falabella/onde-esta-maria-1.3343560

No Natal do ano passado, em meio às compras de presentes para a família, entrei em uma loja e perguntei por presépios. Eu gosto de Natal, é preciso dizer. Já fui de não gostar, mas fiz as pazes com a celebração e sou das que enfeita a casa e recebe a família. “Mas por que falar de Natal em pleno março, mês das mulheres, Cida Falabella?”. Vai ouvindo.

Tinham uns presépios bem feinhos, mas eu queria levar mesmo assim e estava indecisa, demorando a decidir, até que escolhi. Fui dar aquela última olhada antes de a atendente embrulhar o presépio escolhido quando, pasmem, onde está Maria?

A moça pediu desculpas e foi buscar outros exemplares, mas não encontrou nenhum que tivesse a Mãe. Alguns traziam os três reis magos, outros não, todos tinham José, os bichos variavam de um para outro, mas nenhum tinha Maria. E eu repetia incrédula: “Mas cadê Maria, gente? A mãe que deu à luz?”.

Aquela cena mundialmente famosa jamais existiria se não fosse pelo papel dos dois protagonistas, minha gente. Não ia ter Menino, Reis Magos e tudo que aconteceu depois e mudou a história do mundo. E naquele item genérico, nem de coadjuvante colocaram a Mãe.

“Inacreditável”, eu falava mais para mim do que para a atendente, que não tinha responsabilidade sobre a ausência ilustre. As pessoas começaram a olhar. Algumas ajudaram na busca, mas Maria não estava ali mesmo. Silêncio. Eu e a atendente nos olhamos incrédulas. Eu pedi desculpas e desisti da compra: “Desculpa, moça. Sem Maria não posso levar o presépio”.

Levo Maria comigo em meu nome como a marca de um milagre. Minha mãe, Dona Cely, depois que se casou, sofreu uma queda e uma médica disse a ela que nunca poderia ter filhos. Quando ela, por força de sua vontade e das suas orações, engravidou, consagrou sua primeira filha a Nossa Senhora. Por isso, me chamo Maria Aparecida. Carregando esse nome na certidão e no coração, é esperado que perceberia a ausência da Mãe, escrito assim, na regra do sagrado.

Hoje, ao pensar no que escrever neste Dia Internacional das Mulheres, essa história me vem como metáfora do que vivem as mães e mulheres, aquelas que carregam, embalam, limpam, pranteiam… cuidam de uma forma tida como “natural”, invisibilizada e não remunerada.

“Cuidam de quê, Cida?”. “Do mundo, e de todo mundo”.

Ninguém parece ver, mas é a economia do cuidado que permite que exista produtividade e organização em todo o resto da nossa sociedade, e ela é feita por milhões de Marias – ainda o nome próprio mais comum no Brasil. Segundo dados da PNAD Contínua de 2019, as Marias dedicam, em média, 21,7 horas semanais ao trabalho doméstico e de cuidados não-remunerado, enquanto os homens dedicam 11 horas. Para as brancas, essa cifra é de 21 horas semanais e para as negras, 22,3 horas por semana. Ainda que pareça pouco, ao final de um ano, as Marias negras fazem quase 68 horas a mais de trabalho de cuidados não-remunerado, e isso as retira dos cuidados consigo mesmas, do mercado de trabalho e de diversos outros espaços, como por exemplo, a política.

Neste mês de março, para além da luta pelo direito de permanecermos vivas em um país ainda extremamente violento para mulheres, é preciso reconhecer o protagonismo das nossas Marias – e cuidar delas. Este é só o primeiro passo de uma mudança cultural complexa e urgente, que passa pela elaboração de políticas públicas que apoiem as mulheres, facilitem seu cotidiano e as permitam usufruir com igualdade de oportunidades das vidas, sem que os cuidados sejam deixados de lado. Que a justiça de cada dia nos dai hoje, Maria.

miguel@libranet.de

'Dumping amoroso', o cómo las mujeres se muestran menos de lo que son para no ahuyentar a los hombres

La escritora Mona Chollet asegura que una mujer heterosexual que no se pliegue a los mandatos de la feminidad “se arriesga a poner en peligro su vida amorosa”, mientras que la psicóloga Susana Covas se pregunta: “¿Existen hoy hombres que permitan relaciones igualitarias donde las mujeres no se tengan que empequeñecer?”

https://www.eldiario.es/sociedad/dumping-amoroso-mujeres-muestran-son-no-ahuyentar-hombres_129_9941387.html

#psicología #género #masculinidades #feminismo #afectos #relaciones #patriarcado #sexismo #pareja

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Lourdes Huanca, activista peruana: “La presidenta Boluarte tiene muertos a sus espaldas”

La líder feminista, indígena y campesina explica que, además de la destitución de Pedro Castillo, la desigualdad y el racismo instaurados en el país andino espolean las actuales protestas sociales

“Y, justamente, en 2023 se revisan algunas concesiones mineras y energéticas”, apunta la líder indígena. “El presidente dijo que todas las empresas que deben impuestos a nuestro país tienen que pagar. Y hablamos de todas, también de Telefónica, que debe mucho dinero”

#LourdesHuanca #Perú #mujeres #feminismo #indígena

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez concede entrevista a Mônica Bergamo na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo Rubens Cavallari - 26.jul.2022/Folhapress

28.jul.2022 às 4h00

#MônicaBergamo é jornalista e colunista.


No próximo dia 7, a #Colômbia viverá um momento histórico: #GustavoPetro, eleito presidente em junho, tomará posse como primeiro presidente de #esquerda da história do país.

Mais simbólica ainda será a chegada da vice-presidente eleita, #FranciaMárquez, ao poder. Aos 40 anos, advogada e ativista ambiental, ela será a primeira #mulher #negra a ocupar um cargo tão elevado na hierarquia colombiana.

Francia nasceu em Suárez, no Vale do Cauca, e ficou conhecida pela luta contra a mineração ilegal. Mãe solo aos 16 anos (ela hoje tem dois filhos), trabalhou como empregada doméstica para pagar os estudos.

A força de sua figura emblemática fez com que ela tivesse uma agenda superlotada na terça (26) em São Paulo, onde se encontrou com o ex-presidente #Lula ( #PT ). Na mesma tarde, abriu espaço para se reunir com lideranças de movimentos negros, do #MST, do #PSOL e lideranças #LGBTQIA+ na sede da Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT.

Anotou tudo o que ouviu, tirou selfies e depois partiu para o Rio de Janeiro para se encontrar com novas lideranças.

Antes de viajar, Francia Márquez concedeu uma entrevista à coluna em que defendeu a legalização das drogas, revelou como mulheres negras na Colômbia foram violentadas e marcadas como animais, reconheceu que a esquerda governará em contexto mundial adverso e disse torcer pela eleição de Lula.

A senhora veio ao Brasil e se reuniu com Lula e com diversas lideranças políticas e sociais —nenhuma delas ligada a Jair Bolsonaro. Como vai ser a relação de seu governo, que começa em agosto, com o dele, que fica no cargo pelo menos até dezembro?

Eu vim ao Brasil para me reunir com líderes políticos e sociais, tanto do movimento negro quanto de esquerda. Acabo de falar com o candidato à Presidência do Brasil que espero que ganhe as eleições, Lula da Silva.

E digo isso porque acredito que Lula é o único presidente que levou em consideração os direitos da população negra no Brasil. Um país em que mais de 50% das pessoas são negras tem que pensar em políticas de governo a favor dessa população.

É como uma diáspora africana, uma diáspora de descendência africana. Temos um enraizamento negro profundo. Brasil e a Colômbia são os dois países da América Latina com a maior população afrodescendente da região.

São cerca de 200 milhões de afrodescendentes ou negros, o que exige uma política internacional para lutas contra o racismo.

Em segundo lugar, sou a primeira mulher de ascendência africana a ser eleita vice-presidente da Colômbia, em duzentos anos [de pleitos eleitorais]. E a segunda da região [antes dela, #EpsyCampbell foi eleita vice-presidente da #CostaRica, em 2018].

Nesse sentido, meu compromisso, além da responsabilidade legal que tenho na Colômbia, é também de impulsionar as lutas dos movimentos sociais negros, dos movimentos #indígenas, dos movimentos #camponeses, dos movimentos #ambientais que ajudam a enfrentar o desafio da crise ambiental, dos movimentos de #mulheres por seus #direitos à #igualdade e #justiça. Essa é a razão pela qual vim ao Brasil.

Sobre o governo #Bolsonaro: o povo brasileiro votou nele. E respeitamos essa decisão, ainda que não concordemos com as ideias e políticas dele.

Temos políticas de compromisso social, e as políticas do presidente Bolsonaro são de outra dimensão. Mas nós o respeitamos porque o povo brasileiro votou nele, e os povos têm autonomia para decidir sobre seu destino. Tentaremos ter as relações necessárias e possíveis para que haja tranquilidade na região.

Há algum temor de que o presidente Bolsonaro não respeite o resultado das #eleições brasileiras e haja turbulências? Vocês têm isso no radar?

Na Colômbia também enfrentamos o processo eleitoral com muitos receios. Nos últimos dias de campanha, [o candidato a presidente] Gustavo Petro e eu precisamos fazer discursos cercados por escudos antibalas por causa das ameaças de assassinato que recebíamos.

Foi muito complicado. E esperamos que esse processo no Brasil seja democrático, tranquilo, que transcorra em paz e que os brasileiros tomem a sua decisão.

Se o processo democrático não for respeitado, haverá uma violação aos direitos humanos.

Se isso ocorrer, vocês, brasileiros, teriam que ver em primeiro lugar o que fazer. E nós levantaríamos a nossa voz a favor da democracia na região, a favor da paz, a favor da garantia dos direitos humanos com todo o respeito que cada governo e cada país merece.

A senhora é #ambientalista, e a Colômbia compartilha a #floresta amazônica com o Brasil. Como vê as políticas do governo Bolsonaro para a região?

A #Amazônia é compartilhada por #Brasil, #Peru, Colômbia. E, nesse sentido, é um ecossistema. Um governo que não pensa em conservar ou proteger a Amazônia, reconhecendo que ela é o pulmão do mundo, que grande parte da biodiversidade do ar e da vida é gerada neste lugar, é um fracasso.

Conservar e cuidar da floresta é um desafio, sim, para o nosso governo e para o governo do Brasil, frente à crise ambiental do planeta.

De nossa parte, acompanhamos a decisão dos povos de cuidarem de seu território como um espaço de vida.

Nosso governo se comprometeu a fazer a #transição da #economia extrativista para a economia sustentável. E vamos trabalhar nisso. É claro que a mudança não acontece da noite para o dia. É um processo que implica adaptações institucionais, normativas, #pesquisa, #ciência e #tecnologia para fazer essas inovações.

Mas é uma necessidade mudarmos para um modelo econômico que seja sustentável. Na Colômbia, estamos dispostos a começar a jornada. Esperamos que isso aconteça em toda a região.

A Colômbia elegeu pela primeira vez em sua história um governo de esquerda. Países como #Chile, #Bolívia e #Argentina também têm presidentes desse campo político, o que tem sido visto como uma nova "onda rosa" no continente. Caso Lula não ganhe as eleições, essa onda perderia força? Ficaria mais difícil implantar as políticas que defendem?

Se Lula ganhar, seguramente será mais fácil promover essas agendas pois seu governo já tinha começado a adotar políticas de inclusão, de erradicação da fome, políticas para garantir a participação de mulheres.

Se ele não vencer as eleições, os movimentos brasileiros vão seguir na resistência, não? E nós, desde a Colômbia, vamos ter que ver como nos articularemos com o movimento do Brasil, que é enorme, que é diverso, que é gigante e coloca as lutas sobre a mesa.

Mas se Lula ganhar será magnífico porque não somente vamos nos articular entre movimentos sociais, mas também com um governo que terá agendas muito semelhantes às que impulsionaremos a partir da Colômbia.

Na primeira "onda rosa" da América Latina, no começo dos anos 2000, o momento econômico era muito favorável. E agora há pandemia, guerra, inflação e recessão. E uma nova direita emergiu com força nesses países. Será possível à esquerda repetir os êxitos de distribuir renda e tirar tantas pessoas da pobreza? Ou pode haver uma grande frustração?

A Colômbia nunca fez parte dessa onda. Os governos do país sempre foram de #direita ou de #ultradireita. Os povos étnicos, os movimentos de esquerda nunca tiveram a oportunidade de governar.

É a nossa primeira experiência de governo. O momento é mais difícil, mas ele seria difícil também para um governo de direita.

Ainda que adverso, assumimos a necessidade de mudanças. E vamos implementá-las, em meio às diferenças e às possibilidades que se apresentam. A Colômbia tem vários #desafios, e um deles é chegar à #paz. Se alcançarmos a paz completa na Colômbia, toda a região se beneficiará. Estamos buscando um grande acordo nacional.

Outro desafio é enfrentar o #racismo estrutural.

Vamos criar o Ministério da Igualdade, fundamental para que o país comece a reconhecer que existem comunidades vulneráveis, que as maiorias não têm condições básicas para viver com dignidade, que há uma desigualdade histórica no país que precisa ser superada.

Vamos criar também a Comissão de Reparação Histórica sobre os efeitos da #escravidão e do #colonialismo.

Além do cenário econômico adverso, vocês têm também uma #oposição de direita muito forte no #Congresso. De novo: as #expectativas geradas não estão muito altas?

É claro que as pessoas têm expectativas, pois nunca antes houve um governo progressista e de esquerda. Mas temos sido muito honestos. Obviamente que não se transformam 500 anos de opressão, exclusão e violência em apenas quatro anos [duração do mandato de Gustavo Pietro e da vice].

Seguramente muitas das mudanças que desejamos não conseguiremos fazer. Mas temos focado em alguns pontos, como os acordos de paz, as questões energéticas, a recuperação da produção do campo colombiano. Talvez não com uma #reformaagrária, que é o desafio maior, mas com o que já existe. O Estado tem terras, as famílias têm terras, os indígenas têm terras produtivas.

O que todos precisam é de apoio para produzir: Subsídios, estrada, infraestrutura, conectividade, tecnologia para desenvolver seus projetos.

Os #EUA e a Colômbia há muitos anos declararam a chamada #guerra às #drogas. A senhora acredita na sinceridade dessa guerra? Ou ela serviu de pretexto para que os norte-americanos pudessem ter uma presença militar muito forte no país, com sete bases e inclusive deslocamento interno de tropas? Como será a partir de agora a relação entre os dois países?

A ideia é fortalecer a relação com os Estados Unidos. Já estamos falando com eles a partir de novos enfoques. Não o de segurança, mas, sim, o de justiça social, o de enfrentamento das mudanças climáticas.

Estamos conversando sobre novos caminhos para mudarmos o paradigma da #política antidrogas, que tem sido ineficaz, que tem deixado mortos nos territórios e riquezas nos bancos. Que tem levado corrupção às instituições do Estado colombiano.

Conversamos agora em termos de regularização, de legalização [das drogas], de mudar o uso da #coca e da #maconha para produzir #medicamentos, #alimentos e para uso na indústria #têxtil.

A senhora acredita que a Colômbia está pronta para discutir a legalização das drogas?

Nunca esteve pronta. Assim como nunca esteve pronta para ter uma vice-presidente mulher e negra. E aqui estou eu.

Nenhum país nunca estará pronto [para certos temas] se não fazemos o exercício da mudança. O Brasil nunca estará pronto para a participação das mulheres se algumas não se atrevem a disputar o poder. Há que fazer. Há que tentar, pelo menos. E é isso o que nós vamos fazer.

E a presença #militar dos EUA na Colômbia?

Ainda não dialogamos sobre isso. O que, sim, vamos fazer é uma #reforma nas #polícias para que elas atuem de acordo com os #direitoshumanos, para que jovens, camponeses e líderes sociais colombianos deixem de morrer, para que elas recuperem a confiança da sociedade.

​A Colômbia voltará a ter relações com a #Venezuela e reconhecerá #NicolásMaduro como presidente do país?

Claro que sim. Ele é o presidente. Vamos rever as relações com a Venezuela para garantir os direitos sobretudo de todas as pessoas que vivem nas fronteiras e que foram afetadas por essa política violenta entre a Colômbia e aquele país. Vamos resolver o conflito fronteiriço, reativar o comércio que existia nas fronteiras e encontrar o caminho que nos permita sair desse conflito armado.

Como vê o governo de Maduro?

Eu o respeito tanto quanto respeito o governo do Brasil. Seguramente não compartilhamos de muitas coisas, mas é o governo que os venezuelanos elegeram, assim como Bolsonaro é o presidente que vocês elegeram aqui. Então nós os respeitamos e reconhecemos.

Reconhecemos a autonomia e a autodeterminação dos povos, mesmo que não estejamos de acordo com eles. Mas, em meio a divergências e desacordos, eu acredito que se pode construir.

A ex-presidente #Dilma Rousseff dizia que os homens no poder, por mais duros que sejam, são vistos como firmes, decididos. E que o olhar para a mulher é diferente, há muitos preconceitos. É isso mesmo. Nenhuma mulher que não tenha caráter vai chegar a um lugar como o que eu cheguei. Para chegar ao poder, se necessita caráter, mostrar que somos capazes.

Na campanha, diziam a meu respeito: "Ah, por que ela não ri?". Porque não há do que rir. A mulher não tem que estar todo o tempo sorrindo na política. Os homens não sorriem todo o tempo.

#machismo na política, e temos que romper com isso. Com os estereótipos e com as formas erradas de se medir as mulheres na política. Eu acredito que temos o direito de nos expressarmos da forma que queiramos. Isso também é bem político.

​> Há hoje questionamentos sobre o que se chama de "feminismo branco", em que os problemas e anseios das mulheres #negras não teriam sido reconhecidos. Como você se relaciona com o feminismo e o que pensa disso?

Eu venho reconhecendo o #feminismo e aprendendo [com ele], reconstruindo-me do machismo também. Mas reconhecendo que as violências patriarcais e de #gênero não afetam todas as mulheres da mesma maneira, ainda que sejam as mesmas violências.

Portanto, as políticas têm que levar em consideração a interseccionalidade de raça, classe e gênero.

A Comissão da Verdade na Colômbia acaba de entregar o relatório específico sobre povos étnicos, negros e indígenas. Ele mostra que uma grande parte das mulheres do país experimentou efeitos desproporcionais do conflito armado. Muitas foram estupradas. Mas as mulheres negras, além disso, foram marcadas, como no tempo da escravidão.

Isso mostra o nexo entre o racismo e o conflito armado. Os atores armados, além de violarem aquele #corpo por ser mulher, consideraram que, por ser negra, poderiam marcá-la como a um animal.

epr@wk3.org

El activismo de género y el feminismo contemporáneo basan su agenda política en teorías de la conspiración. Un movimiento político basado en teorías de la conspiración jamás podrá ser revolucionario. Se hable de Patriarcado, Heteropatriarcado, "especismo", terraplanismo, dominación judeo-masónico-marxista, o QAnon, se trata de mistificaciones de la realidad que engañan y confunden a la clase proletaria.


#socialismo #comunismo #marxismo #izquierda #anarquismo #feminismo #LGBT #LGBTQ #nazismo

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Aborto: é possível ser pró-vida e pró-escolha ao mesmo tempo?

[tradução por #MaríliaMoschkovich]

Traduzi em 2012 este texto de #CarlSagan e #AnnDruyan, e publiquei em meu antigo blog, “Mulher Alternativa”. O texto traz argumentos bastante interessantes, colocando em diálogo a perspectiva biológica e a perspectiva social sobre a vida humana. Em tempos de decisões do STF e bancada evangélica, vale bem a leitura, mesmo considerando alguns problemas e limites tanto da argumentação científica quanto das posições políticas das autoras.

Texto de Carl Sagan e Ann Druyan*

Artigo publicado pela primeira vez na revista Parade com o título de “A questão do aborto: uma busca por respostas” em 22 de Abril de 1990.

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A humanidade gosta de pensar em termos de opostos extremos. Tende a formular suas crenças em termos de “ou isso ou aquilo”, polos entre os quais não reconhece possibilidades intermediárias. Quando forçada a reconhecer que os extremos não são praticáveis, ainda sustenta que são possíveis na teoria mas que em assuntos práticos as circunstâncias nos compelem a abrir mão de algumas posições.

John Dewey, Experience and Education, I (1938)

A questão fora resolvida havia anos. Os tribunais decidiram o caminho do meio. Pensava-se que a luta havia acabado. Ao invés disso o que temos são ataques, bombas e intimidação, assassinato de trabalhadores em clínicas que fazem abortos, prisões, lobby intenso, drama legislativo, audiências públicas, decisões dos supremos tribunais, grandes partidos políticos quase se definindo inteiramente através desta questão, e religiosos ameaçando políticos à perdição. Militantes disparam acusações de hipocrisia e assassinato. A defesa da Constituição e a vontade de Deus são igualmente invocadas. Argumentos duvidosos são repetidos como certezas. As facções em disputa reivindicam a ciência para sustentar suas posições. Famílias se dividem, maridos e esposas decidem não discutir sobre o tema, amigos de longa data não mais se falam. Políticos consultam as pesquisas de opinião para saber o que dizem suas consciências. No meio de tanta gritaria fica difícil para os adversários se escutarem. As opiniões se polarizam. As mentes de fecham.

É errado abortar uma gravidez? Sempre? Às vezes? Nunca? Como decidir? Escrevemos este artigo para melhor compreender que visões disputam tais questões e para ver se nós mesmos encontramos uma posição que nos satisfaça. Não haveria um caminho do meio? Foi preciso pesar os argumentos de ambos os lados em relação a sua consistência e propor exemplos-teste, alguns destes puramente hipotéticos. Se em alguns destes testes parecemos ir muito longe, pedimos aos leitores e leitoras que sejam pacientes conosco — estamos tentando forçar as várias posições até seu limite para ver sua fragilidade e onde falham.

Em momentos contemplativos praticamente todos nós reconhecemos que a questão não é unilateral. Muitos militantes de divergentes pontos de vista, ao que parece, sentem certa inquietação e dificuldade ao confrontarem o que está por trás dos argumentos de seus opositores. (Isto acontece em parte porque tais confrontos são evitados) O assunto certamente toca questões profundas: Quais são nossas responsabilidades para uns com os outros? Devemos permitir que o Estado se intrometa nos aspectos mais íntimos e pessoais de nossas vidas? Quais são as fronteiras da liberdade? O que significa sermos humanos?

Dos muitos pontos de vista que existem de fato, é largamente sustentado — especialmente na mídia que raramente encontra tempo e boa vontade para fazer distinções mais finas — que só existem dois: “pró-escolha” e “pró-vida”. Assim é que estes dois campos de batalha centrais gostam de se chamar e é assim que os chamaremos aqui. Na caracterização mais simplificada, um “pró-escolha” defenderia que a decisão de abortar deve ser feita unicamente pela mulher; o Estado não tem o direito de interferir. Um “pró-vida” defenderia que, desde o momento da concepção, o embrião ou feto estão vivos; que essa vida nos impõe uma obrigação moral de preservá-la; e que o aborto é análogo a um assassinato. Ambos os nomes — “pró-escolha” e “pró-vida” — foram escolhidos tendo em vista influenciar as opiniões daqueles que ainda não têm uma opinião sobre o assunto. Poucas pessoas gostariam de ser colocadas no lado contrário à liberdade de escolha ou contrário à vida. De fato, liberdade e vida são dois dos nosso valores mais caros e aqui eles parecem estar fundamentalmente em conflito.

Vamos considerar essas duas posições absolutistas uma por vez. Um bebê recém-nascido é certamente o mesmo ser que era antes de seu nascimento. Há evidências sólidas de que um feto no final da gravidez responde ao som — inclusive música, mas em especial à voz da mãe. Pode chupar o próprio dedo ou dar uma cambalhota. Ocasionalmente gera padrões de ondas cerebrais de um adulto. Algumas pessoas dizem se lembrarem do próprio nascimento ou mesmo do ambiente uterino. Talvez haja pensamento no útero. É difícil conseguir sustentar a ideia de que a transformação em pessoa aconteça abruptamente no momento do nascimento. Por que, então, seria crime matar uma criança no dia seguinte a seu nascimento mas não no dia anterior?

Na prática isto não é muito importante: menos de 1% dos abortos registrados nos Estados Unidos são realizados nos últimos três meses de gravidez (e, olhando mais de perto, a maioria dos registros nestas condições são na verdade abortos não-provocados ou erros de cálculo na hora de determinar quando o aborto ocorreu). Mas abortos no terceiro trimestre permitem testar o limite do ponto de vista pró-escolha. O direito inalienável de uma mulher ao próprio corpo englobaria o direito de matar um feto próximo ao nascimento, que é idêntico a um bebê recém-nascido?

Acreditamos que a maioria dos apoiadores da liberdade reprodutiva encontre-se perturbada de vez em quando por esta questão. Ao mesmo tempo, relutam em levantá-la por que ela é o começo de um caminho perigoso. Afinal, se um aborto não poderia ser provocado ao nono mês de gravidez, por que deveria ser permitido no oitavo, sétimo, sexto…? Reconhecendo que o Estado possa interferir na gravidez em algum momento não seguiria que o Estado pode intervir a todo e qualquer momento?

Isto nos faz pensar num quadro de legisladores predominantemente homens e muito influentes dizendo às mulheres pobres que elas devem sustentar sozinhas filhos, para o que elas não têm condições materiais; forçando adolescentes a criar filhos, para o que elas não têm condições emocionais; dizendo às mulheres que desejam uma carreira que elas têm de desistir de seus sonhos, ficar em casa e criar bebês; e, pior de tudo, condenando vítimas de estupro e incesto a carregarem e cuidarem dos resultados destes episódios [1] . Proibições legislativas da prática de aborto levantam a suspeita de que seu objetivo seria, na verdade, controlar a independência e a sexualidade das mulheres. Por que os legisladores deveriam ter qualquer direito de dizer às mulheres o que fazer com seus corpos? Ser tolhida de toda sua liberdade reprodutiva é humilhante. As mulheres estão fartas de serem manipuladas.

Mesmo assim, por consenso, todos achamos que deve haver proibições e punições para assassinatos. Não seria muito convincente se a defesa de um assassino fosse alegar que aquela questão é somente entre ele e sua vítima e que não é da conta do governo. Se matar um feto é realmente o mesmo que matar um ser humano, não seria dever do Estado fazer algo contra isso? De fato, uma das funções Estado é, em tese, proteger os mais fracos dos mais fortes.

Se não nos opusermos ao aborto em algum estágio da gravidez, não existe o risco de estarmos desconsiderando toda uma categoria de seres humanos como se não fossem dignos de proteção e respeito? Essa desconsideração não é justamente o que funda o sexismo, o racismo, o nacionalismo e o fanatismo religioso? As pessoas que se dedicam a lutar contra estas injustiças não deveriam então tomar um cuidado imenso para não sustentar outra?

Não existe direito à vida em qualquer sociedade na Terra hoje, nem nunca existiu em qualquer outra época (com algumas raras exceções, como os Jains na Índia): criamos animais para abate; destruímos florestas; poluímos rios e lagos até que peixes não mais possam viver; matamos alces e veados por esporte, leopardos por suas peles e baleias por fertilizante; deixamos golfinhos se enroscarem, agonizantes, em redes para pesca de atum; espancamos filhotes de foca até a morte; tornamos uma espécie extinta a cada dia. Todas estas plantas e animais estão tão vivas quanto nós. O que se está supostamente discutindo e protegendo, então, não é a vida, mas sim a vida humana.

Mesmo com essa proteção, assim definida, o assassinato tornou-se lugar-comum, e financiamos guerras cujos números de mortos são tão terríveis que temos medo de considera-los profundamente. (Aliás, assassinatos em massa promovidos pelo Estado são geralmente justificados redefinindo nossos oponentes — por sua raça, nacionalidade, religião ou ideologia — como menos do que humanos) Essa proteção, esse suposto direito à vida, esquece-se de que 40 mil crianças abaixo dos cinco anos de idade morrem todos os dias em nosso planeta, em decorrência de fome, desidratação, doenças e negligência que poderiam ser facilmente evitadas.

Aqueles que reivindicam “direito à vida” não estão a favor de qualquer tipo de vida, mas particular e especificamente, da vida humana. Estes, como os pró-escolha, precisam decidir então o que é que distingue um ser humano de outros animais e em que momento, durante a gestação, as qualidades unicamente humanas (quaisquer que sejam) aparecem.

Apesar de muitos dizerem o contrário disto, a vida não começa na concepção: é uma cadeia inquebrável que começa próxima à origem da Terra, 4.6 milhões de anos atrás. Nem a vida humana começa na concepção: é uma cadeia inquebrável que data da origem de nossa espécie, centenas de milhares de anos atrás. Cada espermatozoide e cada óvulo humano estão, sem sombra de dúvidas, vivos. Não são seres humanos, claro. No entanto, pode-se argumentar que um ovo fertilizado tampouco o é.

No caso de alguns animais, um ovo se torna um adulto saudável sem a menor ajuda ou influência de um espermatozoide. Um óvulo e um espermatozóide conjuntamente configuram a sequência genética completa de um ser humano. Sob determinadas circunstâncias, depois da fertilização eles podem se desenvolver e tornarem-se bebês. A maioria dos óvulos fertilizados, porém, são rejeitados e naturalmente abortados. O desenvolvimento para se tornar um bebê não é garantido de forma alguma. Tampouco um espermatozoide ou óvulo, sozinhos, são mais potencialmente um bebê ou adulto. Então, se um espermatozoide e um óvulo são tão humanos quanto o óvulo fertilizado produzido em sua união, e se é assassinato destruir um óvulo fertilizado — apesar do fato de que é apenas potencialmente um bebê — por que não seria assassinato destruir um espermatozoide ou um óvulo?

Centenas de milhares de espermatozoides (velocidade máxima com as caudas batendo: cinco polegadas por hora) são produzidos numa ejaculação mediana humana. Um jovem saudável pode produzir, numa semana ou duas, espermatozoides o suficiente para dobrar a população da Terra. Quer dizer então que a masturbação é assassinato em massa? E as ejaculações noturnas ou pura e simplesmente o ato sexual? Quando um óvulo não-fertilizado é expelido a cada mês, consideramos que alguém morreu? Deveríamos ficar de luto por todos estes abortos espontâneos? Muitos animais podem ser criados em laboratórios a partir de uma única célula do corpo. Células humanas podem ser clonadas (talvez o caso mais famoso sendo o clone HeLa, batizado em homenagem à sua doadora, Helen Lane). À luz destas tecnologias, estaríamos cometendo assassinatos em massa ao destruirmos células potencialmente clonáveis? Ao derramarmos uma gota de sangue?

Todo óvulo e espermatozoide humanos são metade genéticas de “potenciais” seres humanos. Deveríamos fazer esforços heroicos para salvar e preservar cada um deles, em todos os lugares, por causa deste “potencial”? Nossa incapacidade em fazê-lo seria imoral ou até mesmo criminal? Claro, há uma diferença entre tirar uma vida e falhar em salvá-la. E há uma diferença gigantesca entre a probabilidade de sobrevivência de um espermatozoide e de um óvulo. O absurdo de uma tropa de preservadores-de-sêmen nos faz questionar se o potencial de um óvulo fertilizado para se tornar um bebê realmente torna sua destruição um assassinato.

Aqueles que se opõem ao aborto se preocupam que, uma vez que o aborto seja permitido após a concepção, nenhum argumento o barraria em estágios posteriores da gravidez. Temem que, então, um dia seja permitido matar um feto que seja indubitavelmente um ser humano. Ambos os pró-escolha e os pró-vida (pelo menos alguns deles) são levados a posições absolutistas por medos paralelos de deixar brechas em suas argumentações.

Outro ponto considerado uma brecha é o daqueles “pró-vida” que consideram ser aceitável fazer exceções nos casos de gravidezes provocadas por estupro ou incesto. Mas por que o direito à vida deveria depender das circunstâncias da concepção? Se a criança que resulta é a mesma, o Estado poderia ordenar vida quando ela vem de uma união oficializada e morte se ela é concebida pela força ou coersão? Como isso pode ser justo? Se as exceções são estendidas para estes fetos, por que deveriam ser proibidas para todos os demais fetos? Esta é uma parte do motivo pelo qual alguns “pró-vida” adotam o que muitas pessoas consideram uma postura revoltante, que é se oporem ao aborto em toda qualquer circunstância — a única exceção sendo, talvez, quando a vida da mãe está em risco [2] .

A maior razão para o aborto no mundo todo é o controle de natalidade. Não deveriam então os opositores do aborto estarem distribuindo contraceptivos nas ruas e ensinando as crianças nas escolas a os utilizarem? Esta seria uma forma eficaz de reduzir o número de abortos. Pelo contrário, os Estado Unidos estão muito atrás de outras nações no que diz respeito ao desenvolvimento de métodos seguros e efetivos de controle de natalidade — e, em muitos casos, a oposição a este tipo de pesquisa (e à educação sexual) vem das mesmas pessoas que se opõem ao aborto [3] .

Parte II

A tentativa de encontrar uma posição coerente e eticamente viável sobre quando, se em algum momento, o aborto deve ser permitido, tem raízes históricas profundas. Frequentemente, em especial nas tradições cristãs, estas tentativas estavam ligadas à discussão sobre em que momento a alma entra no corpo — uma questão não muito pertinente nas investigações científicas e de muita controvérsia mesmo entre grandes teólogos e teólogas. Nesse debate o “animamento” (ensoulment) ocorreria no esperma antes da concepção, na concepção, no momento em que a grávida sente pela primeira vez o feto de mexer dentro dela (quickening) e no nascimento. Ou até depois.

Religiões diferentes têm ensinamentos diferentes. Entre caçadores-coletores geralmente não há proibição do aborto, que era comum também na Grécia Antiga e no Império Romano. Ao contrário, os Assírios mais ortodoxos empalavam as mulheres acusadas de tentarem abortar. O Talmude judeu diz que o feto não é uma pessoa e não tem direitos. O Novo e o Velho Testamento — ricos em proibições de dieta, vestimenta, e palavras que se deve ou não falar — não contém uma única palavra especificamente proibindo o aborto. A única passagem que é remotamente relevante (Êxodo 21:22) decreta que se numa briga uma mulher acidentalmente for atingida e sofrer um aborto, o agressor deve pagar uma multa.

Nem Santo Agostinho nem São Tomás de Aquino consideravam o aborto em início de gravidez como homicídio (este último alegava que isso era porque o embrião não tinha a aparência de um humano). Esta visão foi aceita pela Igreja no Conselho de Viena em 1312, e nunca foi repudiada. A primeira e mais longeva coleção de direito canônico da Igreja (de acordo com John Connery, S. J., um dos maiores historiadores das posições da Igreja sobre o aborto) dizia que o aborto era homicídio somente depois que o feto estivesse “formado” — mais ou menos no final do primeiro trimestre.

Quando os espermatozoides foram examinados no século XVII (dezessete) pelos primeiros microscópios, pensava-se que eram seres humanos completamente formados. Uma ideia antiga de homúnculos foi ressuscitada — na qual cada espermatozoide é um minúsculo humano totalmente formado que teria testículos nos quais haveria outros ainda menores, etc, ao infinito. Em parte por causa dessa má interpretação de dados científicos, em 1869 o aborto por qualquer razão e em qualquer período da gravidez tornou-se motivo para excomunhão. É surpreendente para muitos católicos descobrirem que a data desta proibição não é muito antiga.

Do período colonial até o século XVII, nos Estados Unidos a escolha era da mulher até o momento do “quickening:” (primeira mexida do feto sentida pela grávida). Um aborto no primeiro ou até no segundo trimestre era considerado no máximo uma bobagenzinha cometida. Era raro e quase impossível que houvesse condenações por conta disso, já que se dependia única e inteiramente de um testemunho da própria mulher sobre se já tinha sentido o feto de mexer ou não, e também porque não parecia razoável aos júris condenar uma mulher por exercer seu direito de escolha. Em 1800 não havia, até onde sei, uma única regulamentação sobre aborto nos Estados Unidos. Propagandas de drogas que induziam o aborto eram encontradas em todo jornal e mesmo em publicações religiosas — embora a linguagem fosse eufemística, mesmo claramente compreendida.

Por volta de 1900, porém, o aborto tinha sido proibido a qualquer momento da gravidez em todos os estados da União [EUA], exceto se fosse para salvar a vida da mulher. O que provocou essa inversão? A religião teve muito pouca responsabilidade sobre a mudança. Conversões sociais e econômicas drásticas transformavam o país de uma sociedade agrária para uma sociedade urbana-industrial. Os EUA estavam no processo de mudar, de uma das taxas de natalidades mais altas no mundo, para uma das mais baixas. O aborto certamente tinha um papel nisso e estimulava forças para que fosse suprimido.

Uma das forças mais significantes, dentre estas, foi a profissão médica. Até a metade do século XIX (dezenove), a medicina era um negócio não certificado e sem supervisão. Qualquer um podia pendurar uma grade de horários na parede e se auto intitular “médico”. Com o surgimento de uma nova elite médica educada em universidades, ansiosa para impulsionar o status e a influência da emergente categoria profissional, a Associação Médica dos EUA foi formada. Na primeira década essa associação começou a fazer lobbies contra abortos realizados por qualquer um que não fosse um médico licenciado (por ela mesma). Novos conhecimentos em embriologia, diziam eles, mostravam que o feto seria humano mesmo antes de começar a se mexer no ventre.

O ataque deste grupo ao aborto não foi motivado por uma preocupação com a saúde das mulheres mas, diziam eles, com o bem-estar do feto. Era preciso ser médico para saber quando o aborto seria moralmente justificado, porque a questão dependeria de fatos científicos e médicos sobre os quais eles teriam o monopólio. Ao mesmo tempo as mulheres eram efetivamente excluídas das escolas de medicina, onde tal conhecimento poderia ser adquirido. Então, da forma como as coisas ocorreram, as mulheres não tinham quase nada a dizer sobre o término de suas próprias gravidezes. Era o médico quem podia decidir se a gravidez representava ou não uma ameaça à mulher, e estava totalmente a seu critério definir que tipos de coisas implicavam ou não tais ameaças. Para as mulheres ricas, a ameaça poderia ser à sua tranquilidade emocional ou ao seu estilo de vida. As mulheres pobres frequentemente eram forçadas a recorrerem a fundos de quintal e cabides.

Esta foi a legislação até os anos 1960, quando uma articulação de indivíduos e organizações — a tal associação médica entre elas — lutou para reinstalar os valores mais tradicionais incorporados no caso Roe vs. Wade [4] .

Parte III

Se você deliberadamente matar um ser humano, é assassinato. Se você deliberadamente matar um chimpanzé — biologicamente nosso parente mais próximo, com 99,6% de genes ativos em comum -, o quer que seja, não é assassinato. Até hoje, o assassinato se aplica unicamente ao ato de matar seres humanos. Por este motivo a questão sobre quando tornamo-nos pessoa (ou quando recebemos nossa ‘alma’) é central para o debate sobre o aborto. Quando o feto se torna humano? Quando as características típicas e únicas de ser humano surgem?

Reconhecemos que especificar um momento único atropela variações individuais. No entanto, se precisamos traçar uma linha, ela deve ser traçada de forma conservadora, ou seja, do lado do menor tempo possível entre essas variações. Há pessoas que se recusam a aceitar a definição de um limite numérico/temporal e compreendemos sua inquietação; mas se é para haver leis sobre o assunto é preciso especificar, pelo menos de maneira grosseira, um momento para essa transição de feto para ser humano.

  • Todos nós começamos como um pontinho. Um óvulo fertilizado é mais ou menos do tamanho do ponto final desta frase. O espetacular encontro de um espermatozoide e um óvulo em geral ocorre em uma das duas trompas. Uma célula vira duas, duas viram quatro, e assim por diante — um exponencial de base 2. No décimo dia depois da fertilização o pontinho se tornou uma espécie de esfera oca movendo em direção a outro reino: o útero. Em seu caminho destrói tecido. Suga o sangue de capilares. Banha-se em sangue materno, do qual extrai oxigênio e nutrientes. Estabelece-se como uma espécie de parasita nas paredes uterinas.
  • Na terceira semana, em geral a época para a primeira menstruação que não vem, o embrião em formação tem mais ou menos 2 milímetros de comprimento e está desenvolvendo várias partes do corpo. Somente neste estágio ele começa a depender da placenta, ainda de forma rudimentar. É meio parecido com um verme segmentado [5]
  • No final da quarta semana o embrião já está com 5 milímetros de comprimento. Já é reconhecido como um vertebrado e o coração em forma tubária está começando a bater, alguma coisa parecida com guelras de peixes e anfíbios aparece e um rabo passa a protuberar. Parece uma pequena salamandra ou girino. Este é o final do primeiro mês após a concepção.
  • As divisões grossas do cérebro já podem ser distinguidas na quinta semana. O que depois se tornará olhos passa a aparecer, e pequenos botões ficam visíveis — depois se tornarão braços e pernas.
  • Na sexta semana o embrião tem 13 milímetros de comprimento (1,3cm). Os olhos ainda ficam nos lados da cabeça, como em muitos animais, e a face de réptil apresenta pequenos cortes e dobras onde eventualmente serão a boca e o nariz.
  • No final da sétima semana o rabo praticamente se foi e características sexuais começam a poder ser identificadas (mesmo que em fetos de ambos os sexos a aparência seja feminina). A face é mais parecida com a de um mamífero, mas ainda algo suína e não humana.
  • No final da oitava semana a face é similar à de um primata mas ainda não muito humana. A maioria das partes do corpo humano está presente pelo menos em sua essência. A anatomia cerebral mais baixa está bem desenvolvida. O feto mostra resposta a estímulos delicados.
  • No final da décima semana, a face já tem uma feição caracteristicamente humana. Começa a ser possível distinguir fêmeas e machos. Unhas e estrutura óssea não serão visíveis até pelo menos o terceiro mês (12 semanas).
  • No quarto mês, já se pode diferenciar o rosto de fetos diferentes. É comum que se consiga sentir o feto se mexendo somente a partir do quinto mês. Os bronquíolos dos pulmões não começam a se desenvolver até pelo menos o sexto mês, e os alvéolos vêm ainda mais tarde.

Então se apenas pessoas podem ser assassinadas, quando é que o feto torna-se pessoa? Quando sua face se torna humana, no final do primeiro trimestre? Quando passa a responder a estímulos, de novo, na mesma época? Quando se torna ativo o suficiente para que a grávida sinta ele se mexer, geralmente no meio do segundo trimestre? Quando os pulmões alcançam um estágio de desenvolvimento suficiente que permitiria ao feto, ao menos em tese, respirar sozinho no ar exterior ao útero?

O problema desta métrica de desenvolvimento não é só que ela é arbitrária. É ainda mais perturbador o fato de que nenhuma destas fases envolve características unicamente humanas — exceto no caso superficial da aparência facial. Todos os animais respondem a estímulos e se mexem na gestação. Muitos são capazes de respirar. Mas isso não nos impede de massacrá-los aos milhões. Reflexos e movimento e respiração não são o que nos torna humanos.

Outros animais têm vantagens sobre nós — em velocidade, força, resistência, habilidade de escalar ou cavar túneis, camuflagem, visão ou olfato ou audição, maestria nos ares ou na água. Nossa única grande vantagem, o segredo de nosso sucesso, é o pensamento — pensamento tipicamente humano. Somos capazes de refletir sobre as coisas, imaginar eventos que ocorrerão, desvendar problemas. Foi assim que inventamos a agricultura e a civilização. O pensamento é nossa bênção e nossa maldição e nos faz sermos quem somos.

O pensamento ocorre, claro, no cérebro — especialmente nas camadas superiores da “massa cinzenta” chamada córtex cerebral. Os cerca de 100 bilhões de neurônios no cérebro constituem a base material do pensamento. Os neurônios se conectam uns com os outros e suas conexões têm um papel decisivo no que experimentamos como pensamento. Mas as conexões de neurônios em larga escala não começam até a 24ª ou 27ª semana de gravidez — o sexto mês.

Colocando eletrodos não-nocivos na cabeça de um sujeito, cientistas conseguem medir a atividade elétrica produzida pela rede de neurônios dentro do crânio. Diferentes tipos de atividade mental mostram diferentes padrões de ondas cerebrais. As ondas cerebrais típicas de um adulto humano, porém, não aparecem em fetos até pelo menos a 30ª semana de gravidez — quase no início do terceiro trimestre. Fetos mais jovens do que isso — não importa o quão vivos e ativos possam ser — não têm a arquitetura cerebral necessária. Não podem ainda pensar.

Pensar em matar uma criatura viva, especialmente uma que pode mais tarde se tornar um bebê, é perturbador e doloroso. Rejeitamos os extremos “sempre” e “nunca” e isto nos coloca — queiramos ou não — numa brecha argumentativa. Se formos forçados a escolher um critério de desenvolvimento, é aqui que defendemos que a linha seja traçada: quando o início do pensamento tipicamente humano torna-se preliminarmente possível.

Na verdade esta é uma definição um tanto conservadora: ondas cerebrais regulares são raramente encontradas em fetos. Mais pesquisas ajudariam nesta definição. (Ondas cerebrais bem definidas em fetos de babuínos e ovelhas também começam no final da gestação) Se quisermos tornar este critério ainda mais restritivo, para permitir fetos precoces ocasionais, poderíamos traçar a linha aos seis meses de gestação. Por acaso, é justamente o limite estabelecido pela Suprema Corte [dos EUA] em 1973 — embora por razões completamente distintas das aqui apresentadas.

A decisão no caso Roe versus Wade mudou a lei dos EUA sobre o aborto. Permitiu abortos além do primeiro trimestre, caso a mulher solicitasse, com algumas ressalvas sobre a saúde da mulher grávida caso fosse realizado no segundo trimestre. Permitia aos Estados que o aborto fosse proibido no terceiro trimestre exceto se houvesse ameaça grave à vida ou à saúde da mulher. No caso Webster, em 1989, a Suprema Corte [dos EUA] recusou reverter a decisão feita em Roe versus Wade mas deixou em aberto para que os Estados decidissem por si mesmos.

Qual era a argumentação em Roe versus Wade? Nenhum peso foi dado ao que acontece com uma criança ou com sua família uma vez que ela nasça. No lugar disso, a corte julgou que as garantias constitucionais de direito à privacidade se protegiam o direito à liberdade reprodutiva das mulheres. A garantia de privacidade da mulher e o direito do feto à vida precisam ser pesados — e quando a corte pesou, neste caso, priorizou a privacidade no primeiro trimestre e a vida do feto no terceiro. A transição não foi definida com base nas considerações das quais tratamos neste texto — não foi o momento em que o corpo recebe a alma, nem quando o feto passa a ter características tipicamente humanas o suficiente para que seja protegido pelas leis referentes a assassinato. No lugar disso o critério adotado foi definir quando o feto já conseguiria viver fora do útero, sem o corpo da mulher. Isto se chama “viabilidade” e depende parcialmente da habilidade do feto de respirar. Até cerca da 24ª semana, ou início do sexto mês de gestação, os pulmões simplesmente não estão formados e um feto não é capaz de respirar — não importa quão avançado possa ser um pulmão artificial que poderia ser instalado. Este é o motivo pelo qual Roe versus Wade permite aos Estados proibir o aborto no último trimestre. É um critério extremamente pragmático.

Se o feto seria viável fora do útero em determinado estágio da gestação, segue este argumento, então neste momento o direito do feto à vida se sobrepõe ao direito da mulher à privacidade. Mas o que é que “viável” realmente significa? Mesmo um recém-nascido de 9 meses de gestação não é viável sem uma série de cuidados e amor. Há algumas décadas atrás, antes da incubadora, bebês nascidos no sétimo mês tinham muito pouca viabilidade. O aborto no sétimo mês teria sido permitido em tal época, então? Após a invenção da incubadora, os abortos de sétimo mês de repente se tornaram imorais? O que acontece se, no futuro, uma nova tecnóloga permitir que um útero artificial geste um feto mesmo antes do sexto mês, nutrindo-o e passando oxigênio pelo sangue — como a mãe faz através da placenta e do sistema sanguíneo fetal? Garantimos que essa tecnologia provavelmente não será desenvolvida logo, nem estará acessível a muita gente. Mas se estivesse, seria então imoral abortar antes do sexto mês, quando antes era moral? Uma moralidade que depende da tecnologia e muda com ela é uma moralidade frágil; para alguns também é uma moralidade inaceitável.

Por que exatamente a respiração (ou função renal, ou habilidade em resistir a doenças) justifica proteção legal? Se for mostrado que um feto pode pensar e sentir mas não tem a capacidade de respirar, seria tudo bem mata-lo? Valorizamos mais a respiração do que o pensamento e a capacidade de sentimento? O argumento da viabilidade não pode, nos parece, determinar de forma coerente quando abortos podem ser feitos. Outros critérios são necessários. Novamente, oferecemos o início do pensamento rudimentar humano como este critério.

Como, na média, o pensamento fetal começa mais tarde do que o desenvolvimento dos pulmões, pensamos que Roe versus Wade é uma boa decisão, muito prudente, sobre uma questão muito difícil e muito complexa. Com proibições do aborto no último trimestre –exceto nos casos de grave necessidade médica — chega a um equilíbrio entre as reivindicações aparentemente conflitantes entre direito à liberdade e direito à vida.


Nota final sobre a recepção do público:

Quando este artigo foi publicado na Parade foi acompanhado por uma caixa de texto com um número de telefone gratuito para que os leitores e leitoras expressassem suas opiniões sobre o aborto. Um total incrível de 380 mil pessoas telefonaram. Expressaram, grosso modo, quatro tipos de opinião: “Aborto após a concepção é assassinato”, “Uma mulher tem o direito de escolher abortar a qualquer momento durante a gravidez”, “O aborto deve ser permitido nos primeiros três meses de gestação apenas” e “Abortos devem ser permitidos nos primeiros seis meses de gravidez”. A Parade é publicada aos domingos, e na segunda-feira as opiniões já estavam divididas nestes quatro grupos. O Sr. Pat Robertson, um fundamentalista cristão e candidato presidencial em 1992, apareceu na segunda-feira em seu programa diário na televisão ordenando que seus fiéis “tirassem a Parade do lixo” e enviassem uma mensagem clara dizendo que matar um zigoto humano é assassinato. Eles o fizeram. A atitude em geral pró-escolha da maioria dos estadunidenses — como mostrado em pesquisas demograficamente controladas e como tinha sido refletido nas ligações recebidas após a publicação do artigo — foi escondida por uma organização política manipulando respostas.


Notas:

[1] Dois dos pró-vida mais enérgicos de todos os tempos foram Hitler e Stalin — que assim que subiram ao poder criminalizaram os abortos permitidos em lei. Mussolini, Ceausescu e incontáveis outros ditadores e tiranos nacionalistas também o fizeram. Claro que isso não é, em si, um argumento pró-escolha, mas nos deixa alertas para a possibilidade de que ser contra o aborto nem sempre significa ser comprometido verdadeiramente com a vida humana.

[2] Martinho Lutero, fundador do protestantismo, se opunha até mesmo a esta exceção: “Se estiverem cansadas ou morrerem por gravidez ou parto, isto não importa. Que morram pela fertilidade — é para isto que existem” (Lutero, Com Ebelichen Leben, 1522).

[3] De forma semelhante, não deveriam os “pró-vida” contar os aniversários do momento da concepção e não do momento do nascimento? Não deveriam perguntar mais a seus pais sobre o histórico sexual deles e sua concepção? Esbarrariam numa incerteza, ainda assim: pode demorar horas e até dias após o ato sexual para que a concepção aconteça (uma dificuldade para aqueles pró-vida que também buscam interpretações da astrologia).

[4] Nota de tradução: “Roe versus Wade”, foi um caso julgado pela Suprema Corte nos Estados Unidos, que mudou a prática judicial sobre o aborto. A partir deste julgamento, o aborto passou a ser permitido quando a mulher requisitasse sem ter o primeiro trimestre da gravidez como limite máximo. Ao final deste texto o autor reflete mais especificamente sobre este episódio.

[5] Uma quantidade razoável de publicações fundamentalistas cristãs e outras de direita criticaram este argumento — alegando que ele seria baseado numa doutrina obsoleta, chamada recapitulação, de um biólogo alemão do século XIX (dezenove). Ernst Haeckel propôs que as etapas do desenvolvimento embrionário de um animal reconstruiria os estágios do desenvolvimento evolutivo de seus ancestrais. A recapitulação tem sido tratada de forma exaustiva e cética pelo biólogo evolutivo Stephen Jay Gould (em seu livro Ontogeny and Phylogeny [Cambridge: Mass.: Harvard University Press, 1977]). Mas este artigo não contém uma única palavra sobre recapitulação, como o leitor deste trecho poderia talvez supor. As comparações do feto humano com outros animais (adultos) é baseada na apar~encia do feto. É uma forma não-humana e nada nesta história evolutiva está sendo usado como argumento nestas páginas.


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luca972@joindiaspora.com

Sophia Magdalena Scholl (1921-1943)

È stata un'attivista politica cristiana antinazista, attiva all'interno del gruppo non violento di resistenza alla rosa bianca. Scholl, insieme a suo fratello Hans, furono imprigionati, condannati per alto tradimento e decapitati per aver distribuito letteratura antinazista. La resistenza della rosa bianca cercò di porre fine all'oppressione degli ebrei e di altri mentre la maggioranza della chiesa tedesca rimase in silenzio.

Queste sono le sue ultime parole prima di essere giustiziata:

"Come possiamo aspettarci che la rettitudine prevalga quando non c'è quasi nessuno disposto a consegnarsi individualmente per una giusta causa. Una giornata così bella e soleggiata e devo andare, ma che importa la mia morte, se attraverso di noi migliaia di persone vengono svegliate e mescolate all'azione? "~Sophie Scholl

Un'altra parola eccellente di Scholl:

"Il vero danno è fatto da quei milioni che vogliono sopravvivere. Gli uomini onesti che vogliono solo essere lasciati in pace. Quelli che non vogliono che la loro piccola vita sia disturbata da niente più grande di loro. Quelli senza schieramenti e senza cause. Quelli che non prenderanno misura della propria forza, per paura di contrapporsi alla propria debolezza. Quelli a cui non piace farsi onde - o nemici. Coloro per cui libertà, onore, verità e principi sono solo letteratura. Quelli che vivono in piccolo... morire piccolo. È l'approccio riduzionista alla vita: se la tieni piccola, la tieni sotto controllo. Se non fai rumore, l'uomo nero non ti trova. Ma è tutta un'illusione, perché muoiono anche loro, quelle persone che arrotolano il morale in piccole palline per essere sicuri. Sicuro?! Da cosa? La vita è sempre al limite della morte; le strade strette portano allo stesso posto dei viali larghi, e una piccola candela si spegne proprio come fa una torcia infuocata. Scelgo il mio modo di bruciare. "~Sophie Scholl


Sophia Magdalena Scholl (1921-1943)

She was an anti-Nazi Christian political activist, active within the non-violent resistance group to the white rose. Scholl, along with her brother Hans, were imprisoned, convicted of high treason and beheaded for distributing anti-Nazi literature. The resistance of the white rose sought to end the oppression of Jews and others while the majority of the German church remained silent.

These are her last words before being executed:

"How can we expect righteousness to prevail when there is hardly anyone willing to deliver themselves individually for a good cause. Such a beautiful and sunny day and I have to go, but who cares my death if thousands come through us? wake up and mix with the action? "~ Sophie Scholl

Another excellent word from Scholl:

"The real damage is done by those millions who want to survive. The honest men who just want to be left alone. Those who don't want their little life to be disturbed by anything bigger than them. The ones without sides and without causes. Those who will not measure their strength, for fear of opposing their own weakness. Those who do not like to make waves - or enemies. Those for whom freedom, honor, truth and principles are only literature. Those who live small ... die small. It's the reductionist approach to life: if you keep it small, you keep it under control. If you don't make noise, the black man won't find you. But it's all an illusion, because they die too, those people who roll up Morale in little balls to be sure. Sure ?! From what? Life is always on the verge of death; narrow streets lead to the same place as wide boulevards, and a small candle goes out just like a burning torch does. my m I hear it burn. "~ Sophie Scholl


Sophia Magdalena Scholl (1921-1943)

Elle était une militante politique chrétienne antinazie, active au sein du groupe de résistance non-violente à la rose blanche. Scholl, ainsi que son frère Hans, ont été emprisonnés, reconnus coupables de haute trahison et décapités pour avoir distribué de la littérature antinazie. La résistance de la rose blanche cherchait à mettre fin à l'oppression des Juifs et des autres tandis que la majorité de l'église allemande restait silencieuse.

Voici ses derniers mots avant d'être exécuté :

"Comment pouvons-nous nous attendre à ce que la justice prévale alors qu'il n'y a presque personne disposé à se livrer individuellement pour une juste cause. Une si belle journée ensoleillée et je dois y aller, mais qu'importe ma mort si des milliers de personnes passent à travers nous se réveillent et se mêler à l'action ? "~ Sophie Scholl

Un autre excellent mot de Scholl :

"Le vrai dommage est causé par ces millions de personnes qui veulent survivre. Les hommes honnêtes qui veulent juste qu'on les laisse seuls. Ceux qui ne veulent pas que leur petite vie soit perturbée par quelque chose de plus grand qu'eux. Ceux sans côtés et sans causes. Ceux qui ne mesureront pas leur force, de peur de s'opposer à leur propre faiblesse. Ceux qui n'aiment pas faire de vagues - ou d'ennemis. Ceux pour qui la liberté, l'honneur, la vérité et les principes ne sont que littérature. Ceux qui vivent petits.. C'est l'approche réductionniste de la vie : si vous la gardez petite, vous la gardez sous contrôle. Si vous ne faites pas de bruit, l'homme noir ne vous trouvera pas. Mais ce n'est qu'une illusion, parce qu'ils meurent aussi , ces gens qui roulent le Moral en petites boules c'est sûr. Sûr ?! De quoi ? La vie est toujours au bord de la mort; des rues étroites mènent au même endroit que de larges boulevards, et une petite bougie s'éteint comme une flamme torche fait mon m Je l'entends brûler. "~ Sophie Scholl


Sophia Magdalena Scholl (1921-1943)

Ella era una activista política cristiana antinazi, activa dentro del grupo de resistencia no violenta a la rosa blanca. Scholl, junto con su hermano Hans, fueron encarcelados, condenados por alta traición y decapitados por distribuir literatura antinazi. La resistencia de la rosa blanca buscó acabar con la opresión de los judíos y otros mientras la mayoría de la iglesia alemana permanecía en silencio.

Estas son sus últimas palabras antes de ser ejecutada:

"¿Cómo podemos esperar que prevalezca la justicia cuando casi nadie está dispuesto a entregarse individualmente por una causa justa? Un día tan hermoso y soleado y tengo que irme, pero ¿qué importa mi muerte si miles pasan por nosotros, nos despertamos y mezclar con la acción? "~ Sophie Scholl

Otra excelente palabra de Scholl:

"El daño real lo hacen los millones que quieren sobrevivir. Los hombres honestos que solo quieren que los dejen solos. Los que no quieren que su pequeña vida sea perturbada por nada más grande que ellos. Los que no tienen lados y sin Causas. Aquellos que no medirán su fuerza, por temor a oponerse a su propia debilidad. Aquellos a quienes no les gusta hacer olas - o enemigos. Aquellos para quienes la libertad, el honor, la verdad y los principios son solo literatura. Aquellos que viven pequeños ... . Morir pequeño. Es el enfoque reduccionista de la vida: si lo mantienes pequeño, lo mantienes bajo control. Si no haces ruido, el negro no te encontrará. Pero todo es una ilusión, porque ellos también mueren , esas personas que enrollan la moral en bolitas para estar seguro. ¡¿Seguro?! ¿De qué? La vida siempre está al borde de la muerte; las calles estrechas conducen al mismo lugar que los bulevares anchos, y una pequeña vela se apaga como una vela encendida. la antorcha lo hace. mi m Lo escucho arder. "~ Sophie Scholl


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Los ideólogos del golpe blando: Open Society en Cuba y la articulación contrarrevolucionaria

Por: Javier Gómez Sánchez
En este artículo: Contrarrevolución, Cuba, George Soros, Golpe Blando, Medios de Comunicación, Subversión

5 enero 2021

La emisión especial de la Televisión Cubana del pasado 28 de noviembre marcó un cambio en cuanto a la exposición pública por el sistema de medios de comunicación del Estado Cubano de las intenciones estadounidenses de financiamiento y organización de una nueva contrarrevolución para provocar un golpe blando en Cuba.
Fue seguida de emisiones de la Mesa Redonda, segmentos en el NTV, programas de información, artículos en Granma y Cubadebate, así como un seguimiento en diversos medios de comunicación institucionales. Nunca antes el funcionamiento de esa nueva contrarrevolución, el uso intencionado de redes sociales y medios digitales, así como los actos de vandalismo terrorista y sus vínculos, articulados para la desestabilización de la sociedad cubana, habían sido expuestos al pueblo de esa manera.
La creación de una neo contrarrevolución cubana se remonta a inicios de la década de los 2000. Específicamente el 14 de mayo de 2004, en una reunión de oficiales de la CIA realizada en la residencia de uno de los funcionarios de la entonces Oficina de Intereses de los Estados Unidos en La Habana, cuando se plantea por primera vez la idea de dar a la contrarrevolución tradicional hasta entonces financiada y utilizada en Cuba un papel secundario, tenido en cuenta su notorio desprestigio, y crear una contrarrevolución con un rostro y un discurso nuevo.
El contenido de esa reunión y los planes de la Agencia Central de Inteligencia que se presentaron en ella, se conocen gracias a los testimonios del escritor y periodista Raúl Capote, presente en la misma, a quien la CIA reclutó para impulsar la guerra cultural en Cuba, y que más tarde se revelaría realmente como agente de la Seguridad del Estado cubana.
Esta nueva contrarrevolución debía encontrar sus recursos humanos entre personas, principalmente jóvenes, que tuvieran vínculos profesionales y sociales con la propia institucionalidad cubana que se pretende derribar, esto garantizaría determinado ¨prestigio¨ y afinidad con sectores, que si bien son demográficamente minoritarios dentro de la población cubana, ejercen una importante influencia social al ser generadores de ideología: Periodistas, académicos y artistas.
De la misma forma reclutar, capacitar y poner a trabajar en sus objetivos a varios blogueros, quienes fueron identificados en Cuba a partir de una “cartografía” de la blogosfera cubana, como se le llama al universo de páginas webs personales o grupales en Internet, un trabajo de identificación realizado en el año 2011 por Ted Henken, ¨estudioso¨ del tema digital cubano enviado desde Estados Unidos, y que por supuesto no incluía a los blogueros verdaderamente revolucionarios, concentrando su trabajo en aquellos cuya ambigüedad podía hacerlos proclives a la aceptación reiterada de invitaciones a eventos en embajadas y en el extranjero – de cada vez más evidente intención- , inicialmente en Europa y luego ya en los propios Estados Unidos, becas en universidades europeas o estadounidenses, como las de Harvard y Columbia, para crear o mantener proyectos políticos y mediáticos digitales en Cuba a partir de fondos recibidos como parte de estas.
Paralelamente se trabajó en convertir en figuras mediáticas a un pequeño grupo de personas que respondieran a sus intereses desde los sectores académicos e intelectuales. Estos se encargarían de ser ideólogos para la organización de una contrarrevolución “de izquierda¨ en Cuba, -siendo realmente una derecha disfrazada- con una plataforma socialdemócrata, anti comunista y anti fidelista, pero que inicialmente no actuara abiertamente contra el socialismo o contra la Revolución, ni contra el Estado, ni el Partido Comunista de Cuba y demás organizaciones políticas.
Lo que hizo años después el presidente estadounidense Barack Obama en su alocución para el anuncio de relaciones diplomáticas con Cuba del 17 de diciembre del 2014, fue simplemente expresar lo que ya había sido asumido por la propia CIA en esa reunión de mayo del 2004: El uso de una línea dura y agresiva contra Cuba había fracasado, y era necesario buscar el logro de los objetivos por otros métodos.
Esto vuelve a ser explícito en la Directiva Presidencial firmada tiempo después por el presidente Obama en la que se hace notoria la intención de trabajar con la sociedad civil cubana. El uso del término, por primera vez, por parte de un presidente estadounidense hace preguntarse: ¿Con cuál sociedad civil? Obviamente no se trataba de las organizaciones e instituciones públicas existentes en Cuba, sino de la sociedad civil virtual, entiéndase la neo contrarrevolución, que se venía fomentando en Internet y las redes sociales, inicialmente de forma paralela a las organizaciones sociales cubanas, y luego ya abiertamente contrapuesta a estas, como parte de la estrategia en marcha desde el 2004.
Para esto, los planes estadounidenses, además de los financiamientos de la National Endowment for Democracy (NED) y la USAID, ponen a Cuba en la lista de países en los que actúa la entidad financiera internacional Open Society Foundations, creada por el multimillonario George Soros, que se dedica a la organización de proyectos grupales, que utilicen las causas sociales y de derechos humanos para trabajar por el derrocamiento de gobiernos y cambios de régimen, bajo el romántico nombre de ¨revoluciones de colores¨. Con una experiencia en países de Europa del Este como Serbia, Georgia, Ucrania, y Bielorrusia, y utilizada igualmente en las llamadas Primaveras Árabes y contra procesos de izquierda en América Latina. Open Society no actúa por sí sola, sino que lo hace como parte de la agenda de injerencia internacional de los Estados Unidos.
Igualmente se trabajaría con la contrarrevolución venezolana, donde crean el proyecto PROVEA, que con lucidez los medios bolivarianos rápidamente denunciaron.
En el caso de Cuba organizaron en 2014 el llamado ¨laboratorio de ideas¨ Cuba Posible, una página web con financiamiento de Open Society y otras entidades estadounidenses, bajo el camuflaje del debate y el ejercicio de la crítica popular impulsada por el propio Gobierno Cubano como parte de la redacción e implementación de los Lineamientos y la actualización del modelo económico. Igualmente aprovechando el ambiente de distención y acercamiento en ese entonces entre la isla y Estados Unidos, organizando varios eventos dentro y fuera de Cuba.
Cuba Posible, estructurado a través de ¨programas¨ por grupos temáticos, como los llamados Ágora y Fraternidad, estarían dedicados a atraer a los intelectuales cubanos interesados en temas históricos, legislativos, y diplomáticos ,al tiempo que personas afines a causas sociales como el racismo, el feminismo, la igualdad de género, los derechos sexuales, y la protección animal, con la intención de generar un estado de opinión en estos sectores contraria al PCC, favorable al pluripartidismo y conveniente a la estrategia de los Estados Unidos. Uno de los directivos de Cuba Posible declaró a la agencia Reuters que sus objetivos eran impulsar ¨un cambio transicional a una Cuba pluripartidista¨.
Sus integrantes, tanto en su vínculo personal como en su retórica, debían mantenerse alejados de la contrarrevolución más agresiva, y al mismo tiempo proyectar un distanciamiento del ¨oficialismo¨, de las instituciones y las organizaciones afines a la ideología de la Revolución. Respecto a esta se dedicarían a sembrar la idea de la existencia de sectores ¨stalinistas¨ y ¨conservadores¨, que supuestamente obstaculizan las transformaciones desde dentro de la dirección del propio Partido y el Gobierno, así como la normalización de las relaciones entre Cuba y Estados Unidos. Reforzar a la narrativa sobre “un sector temeroso de perder el poder”, y mezclar esta con la propia crítica que en Cuba se hace legítimamente a la burocracia, la tecnocracia, y la corrupción. Vincularlo en las mentes a cualquier defensa ideológica de la Revolución, satanizar el antimperialismo y la propia mención a Fidel y su pensamiento para crear una aversión hacia los mismos, especialmente en un público joven.
Esto les permitiría ser promovidos como la ¨tercera opción¨, una zona de centro ideológico, distanciado tanto de la ¨extrema derecha¨ agresiva de Miami, como del pensamiento fidelista de la Revolución Cubana al que se considerara como una “extrema izquierda”. Los principales medios internacionales, -además de Radio y TV Martí- los apoyarían, como hicieron, llamándolos ¨nueva fuerza política¨ y respaldando su desarrollo.
En este sentido, la agresividad del periodo de gobierno de Donald Trump, y el posicionamiento de un discurso contra la Revolución por actores mediáticos con toda intención repulsivos, han sido parte de los planes y no un accidente dentro de estos. Potenciándose una contrarrevolución que se presente como irracional y asqueante, respecto a la cual la neo contrarrevolución pudiera presentarse como alternativa, para que esta fuera vista por los cubanos como algo preferible. Los planes perfilan que en Cuba se termine aceptando, frente a la agresividad la otra, a esa contrarrevolución que habla de ¨diálogo¨ y ¨tolerancia¨, y que se les diera más espacio frente a las instituciones. No se trata de dos estrategias diferentes, se trata de una sola estrategia que utiliza una para hacer brillar a la otra. Los patrocinadores y organizadores son los mismos. Las agencias estadounidenses funcionan independientes de los vaivenes de la política electoral de ese país. Al contrario, aprovechan estos.
El Presidente Díaz-Canel lo ha afirmado ante la Asamblea Nacional: “Los “líderes de laboratorio” aparentan tomar distancia de los violentos, se disfrazarán de pacíficos negociadores políticos y tratarán de imponer sus agendas, apostando al estallido social si sus demandas no son cumplidas.”
Para articular a la nueva contrarrevolución, y darle capacidad mediática en Internet, se organizó un sistema de medios digitales, -presentados falsamente como ¨independientes¨-, dirigido hacia estos sectores, aprovechando los vacíos de los medios institucionales. De esta forma, ese sistema de publicaciones digitales cubano-estadounidenses (personal cubano- financiamiento estadounidense) pudo dominar e inducir, a través de un sistemático envenenamiento de las audiencias, en temas como el proceso para llegar a una legalidad para el cine independiente, o el Decreto 349 para la Cultura, objetivos en los que la casi inexistente comunicación pública institucional sobre estos les permitió que les resultaran un paseo mediático.
Sin embargo, no pudieron hacer lo mismo con la Reforma Constitucional, a la que se le dio una fuerte cobertura por parte de la prensa cubana y para los cual esos medios digitales hubiesen necesitado además ser capaces de impactar en gran parte de la población. Ante una presa que les resultada demasiado grande se limitaron a decir que había apatía en la población, lo cual se demostró como falso por el alto índice de asistencia a las urnas y de aprobación de la Constitución.
En ese período el trabajo de los integrantes de Cuba Posible incluyó la redacción y presentación en su página web de un texto constitucional que eliminaba al PCC y al socialismo. La votación popular del referéndum de un 86 por ciento barrió con esas intenciones.
Desde el primer momento varios intelectuales revolucionarios cubanos alertaron sobre la intención contrarrevolucionaria del ¨centrismo¨ y los verdaderos objetivos de la nueva prensa digital dedicada su cultivo, que incluyen a medios estadounidenses con acreditaciones de prensa en Cuba. Pero estos mismos medios se apresuraron a presentar el simple uso del término como una ¨paranoia¨, demonizando la palabra y quienes se atrevieron a usarla rápidamente fueron atacados y satanizados a través de linchamientos mediáticos en las redes. El objetivo de estos linchamientos, que continúan ocurriendo y se han hecho extensivos en días recientes a periodistas del Sistema Informativo de la Televisión Cubana, sigue siendo que nadie más se atreva a denunciar la estrategia imperialista que sostiene a la neo contrarrevolución.
En 2019 los propios integrantes del proyecto Cuba Posible anunciaron su desintegración, alegando que el ambiente de retroceso diplomático del gobierno de Trump, hacía muy difícil su funcionamiento. En realidad, durante los años 2017 y 2018 las intenciones de Cuba Posible nunca lograron captar a intelectuales cubanos de verdadero renombre. No lograron crear un ambiente contrario a la Reforma Constitucional, y su carácter contrarrevolucionario de derecha disfrazada fue intensamente denunciado en las redes por revolucionarios que no se amedrentaron ante los linchamientos.
Ya desde 2017 varios de sus integrantes se separaron de Cuba Posible –ya sea por iniciativa personal o por instrucciones para no ¨quemarlos¨- cuando el financiamiento extranjero y las intenciones se hicieron cada vez más evidentes. Los estadounidenses aprenden muy rápido y sacan lecciones, por lo que no es de dudar que hayan decidido desconcentrar las fuerzas de la nueva contrarrevolución para preservar los ¨cuadros ideológicos¨ que habían formado en un proyecto que ya comenzaba tener un desprestigio publico cada vez mayor al hacerse evidente su vínculo con Open Society. Luego de su disolución formal, sus integrantes continuaron trabajando de forma coordinada y hoy son los ideólogos y articuladores que tratan de mantener activo el intento de golpe blando del pasado noviembre.
Si algo tiene la mentalidad pragmática anglosajona es sentido de la productividad en el tiempo. Más cuando se trata de inversiones. En la citada reunión de 2004, el plazo de madurez para que esa neo contrarrevolución fuera funcional fue calculado en unos 15 años. Justo en el momento en el que nos encontramos.
Esta madurez debía traducirse en que esta nueva contrarrevolución, cultivada intensamente en forma de sectores o burbujas aisladas en las redes sociales pudiera comenzar a realizar acciones de convocatoria fuera del espacio virtual, o sea en las calles en forma de manifestaciones. Que estuviera lista para aprovechar cualquier situación que pudiera propiciarlas, y lograr que lleguen a formar parte de estas, inconscientemente, personas realmente honestas que para nada comparten las intenciones reales, movidas por la sensibilidad e insatisfacción con temas como la censura en el arte, la tolerancia a un pensamiento diverso, los derechos de la comunidad LGBTIQ+, la protección al bienestar animal, las violencias de género.
Los medios digitales “independientes” estarían igualmente listos para crear las condiciones de acumulación y manipulación, magnificar las convocatorias, y promocionar mediáticamente los sucesos.
En gran medida la madurez a la que aspiraban los oficiales de la CIA reunidos en la lejana reunión del 2004 consiste en el momento en el que una parte significativa de estos sectores, aun hoy sin conexión unos de otros, puedan ser movilizados, no ya hacia eventos de temática propia, sino hacia una concentración masiva común. Una situación lo suficientemente particular como para que los movilice, pero al mismo tiempo lo suficientemente general y abstracta como para que pueda ser promovida como una defensa del derecho a ¨pensar distinto¨ o a la ¨libertad de pensamiento¨, la tolerancia, etc, y de esta forma crear un ambiente inicialmente pacífico, atractivo y promovible en una mezcla entre lo festivo y contestatario, que logre sumar a una mayor cantidad de personas diversas, no importa si ajenas a las verdaderas intenciones.
El objetivo siguiente serían los episodios de violencia inducidos en el lugar con toda intención, entre los convocados y las autoridades policiales presentes que pudieran perder el control de la situación, - Ahí están los videos, promocionados por los mismos medios digitales encargados de exacerbar la tensión en tiempo real, con la voz de individuos en el Mincult, instigaban a traspasar a toda costa a la policía con gritos de “¡Las armas las tienen ellos, no nosotros!” - los posibles y trágicos episodios resultantes, que afortunadamente no lograron que se produjeran, servirían para convocar movilizaciones siguientes, no ya por el motivo original, sino ¨contra la represión¨ ocurrida, y luego otra ¨contra la violencia¨, y otra, y otra y así, hasta que los propios manifestantes pierdan el sentido del motivo original de su protesta, y las autoridades la claridad de por qué se manifiestan –si es que no ha ocurrido desde el primer momento- en un proceso similar al ocurrido en las concentraciones de la Plaza Maidán en Ucrania. Es el guion de las revoluciones de colores. La publicación del video por uno de estos medios digitales fue sin dudas un desliz de sus editores, tal vez embriagados por la atmósfera del momento.
Ha sido gracias a la información que han ofrecido los medios oficiales, que muchas personas que inicialmente compartieron cierto apoyo a los reclamos del llamado “Movimiento San Isidro”, - cuya función en el guion cubano es generar las situaciones - bajo la idea de que ¨el que se queja no es contrarrevolucionario¨ o ¨hace falta un diálogo¨, luego se espantaron al ver quiénes pretendían ser los beneficiados. Durante la concentración popular de la Tángana en el Parque Trillo, como también por chat, pude conversar con varias de las personas buenas que fueron al Ministerio de Cultura movidos por esas ideas, pero que realmente, a la luz de toda la información ofrecida luego, sintieron que su verdadero lugar como personas conscientes y críticas, era apoyando la Revolución que se defendía en el Trillo y no a la contrarrevolución que se pretendió legitimar ante la sociedad cubana al iniciar los sucesos del Mincult como apoyo a quienes hacían una falsa huelga de hambre en San Isidro que ha quedado más que claro era un show conducido y alentado por el gobierno de Estados Unidos y su embajada en Cuba. Más de 10 publicaciones en su Facebook oficial y los videos presentados lo confirman.
Sin información en los medios esa toma de conciencia no hubiese sido posible. Ha sido esa exposición de la verdad en la TV y en la prensa cubana, la que ha hecho que solo se queden defendiendo la farsa no solo los incorregiblemente contrarrevolucionarios, sino los irremediablemente desvergonzados.
Pero la nueva contrarrevolución se había acostumbrado a que los medios oficiales cubanos no hablaran nunca de ella.
Es por eso que cuando comienza a emitirse información de la vinculación y actuación de individuos, proyectos financiados y medios digitales contrarrevolucionarios, estos entraron en una gran alarma. Especialmente quienes han trabajado durante años para articular esta nueva contrarrevolución. Reclaman y se presentan como víctimas porque el NTV expuso el verdadero carácter, ya al descubierto sin camuflaje alguno, de un antiguo profesor universitario proclamado por esta como su participante y asesor legal, y el diario Granma publicó la foto de los rostros sonrientes un evento de Cuba Posible en la sede neoyorquina de la Open Society.
En días recientes han iniciado un intento legal, tratando de utilizar la propia Constitución contra la cual trabajaron, para reclamar ante las instituciones de justicia que la Televisión Cubana y el NTV dejen de emitir información, que el diario Granma y demás medios de prensa, así como las páginas y canales de video de las instituciones cubanas, retiren de internet los artículos, comentarios y programas donde se ven expuestos. Es de imaginar que igualmente incluyan en el reclamo a Telesur. Alegan una supuesta vulneración de su dignidad personal, y que la presentación de documentos e imágenes producidos por ellos mismos que los vinculan a eventos de la contrarrevolución se trata de una ¨difamación¨.
¿Pero qué pensaban? ¿Qué eternamente los medios de comunicación de la Revolución iban a estar de brazos cruzados para beneplácito suyo y de sus patrocinadores estadounidenses?
No es la primera vez que manifiestan sus intenciones de anular la capacidad de comunicación de los medios de comunicación revolucionarios, ya en 2018, en el texto constitucional que pretendían presentar hablaban de prohibir a las organizaciones políticas cubanas tener medios de difusión pública. O sea, el PCC tendría que cerrar Granma y la UJC cancelar Juventud Rebelde, la CTC el periódico Trabajadores. En su Cuba ideal, a la FMC, la AHS, la FEU, les sería prohibido tener publicaciones. En definitiva, no sería necesario, en su Cuba ideal esas organizaciones no existirían.
Tampoco es la primera vez que como parte del guion importado que intentan reproducir en Cuba, se utilizan documentos con aparentes llamados de justicia para atraer firmas, incluso de personas que pueden creer se actúa de buena fe y no para mantener la estrategia de golpe blando que como dijo el Presidente “sigue activa”. La intención de un reclamo legal y la construcción de una identidad que hemos visto en estos días contra los medios cubanos, recuerda la llamada Carta 77, un documento promovido por los anticomunistas checos que exigía al Partido Comunista de Checoslovaquia ¨respetar los derechos humanos¨ y dar espacio a sus actividades durante la década de los 80. Según una investigación del periodista estadounidense Wayne Madsen, reproducida por Russia Today, George Soros, creador de Open Society financió al grupo generador de Carta 77, como grupo con cobertura intelectual organizado contra el gobierno checoslovaco, algo similar a Cuba Posible. Posteriormente el grupo se convierte en Fundación Carta 77 con ese mismo financiamiento de Open Society, junto a fondos provenientes de la NED y otras tapaderas de la CIA. Paralelamente los fondos financiaron actos de terrorismo como ataques contra sedes del Partido Comunista checo, una situación ante la cual los integrantes de Carta 77 debían presentarse como la alternativa ¨preferible¨. ¿Demasiado parecido al guion que tratan de reproducir hoy en Cuba?
La recogida de firmas contra los medios institucionales, pudiera engañar y hacer creer a alguna persona de buena voluntad que realmente se trata de una simple solicitud del derecho de respeto a la imagen de las personas. Nada más lejos de la verdad, la impulsan los mismos que han callado, cuando no se han alegrado y participado, de los cotidianos linchamientos de la maquinaria mediática miamense contra intelectuales, artistas y periodistas cubanos que no comparten sus ideas. En realidad, se trata de la continuación, con disfraz intelectual, de los linchamientos contra periodistas de la Televisión Cubana que hemos visto en estos días.
Es importante que las personas conozcan esto para que no puedan ser engañadas ni manipuladas. Esa es la articulación y no otra, que hemos visto en estos días. La de un viejo guion importado con nuevos actores, esta vez en un escenario tropical y contra la Revolución Cubana, aprovechando un momento sanitario y económico extremadamente difícil, con una puesta en escena que ya tiene completo el elenco. Lo que están buscando ahora para defender y justificar su obra de teatro, cuya escenografía se les deshace cada vez más, es una lista de extras y figurantes que encubra a los verdaderos protagonistas.

En video, *Mesa Redonda*


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