#indígenas

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

O muro da Cohab e as notas de repúdio – Por Mouzar Benedito

Gostaria que para certas coisas houvesse uma justiça sumária

Por #MouzarBenedito

https://revistaforum.com.br/opiniao/2024/8/5/muro-da-cohab-as-notas-de-repudio-por-mouzar-benedito-163388.html

No domingo, 4 de agosto, fazendeiros de Mato Grosso do Sul atacaram mais uma vez #indígenas do povo #Guarani-Kaiowá, deixando dez feridos, dois deles gravemente, um com tiro na cabeça e outro atingindo no pescoço. “Ministério repudia”, diz a matéria publicada no caderno #Cotidiano da Folha de S.Paulo na segunda-feira.

A mesma aldeia já tinha sido atacada dois dias antes. E outros povos indígenas têm sido atacados violentamente, muitas pessoas são mortas. Ao ver a matéria da Folha, tive uma sensação desgraçada: a #violência contra indígenas, posseiros e sem-terra está tão comum que nem é noticiada no caderno principal, vai para o Cotidiano. Parece que virou cotidiano mesmo.

E lá vem nota de repúdio. Toda vez que isso acontece, há organismos e pessoas lançando notas de repúdio.

Aí me lembrei de uma #história antiga, sem um milésimo da gravidade da ação de grileiros, garimpeiros e outros que se dizem “pessoas de bem”.

O que vou contar parece não ter nada a ver com essas agressões atuais, e não tem mesmo, mas me faz pensar na falta de ação “do lado de cá”, das vítimas, sem justiça, com reações limitadas às famigeradas “notas de repúdio”.

Explico no fim do texto.

Mais ou menos no meio do governo da Erundina, na prefeitura de São Paulo, fui convidado para ser assessor de imprensa da Cohab. Aceitei e, no primeiro dia, logo de manhã, recebi um telefonema do editor de um jornal do bairro de Itaquera. Perguntou:

— Tem alguma novidade sobre o muro da Cohab?

Não sabia que muro era esse, pedi que me ligasse por volta das três horas da tarde que eu lhe daria resposta.

Perguntei aos colegas que história era essa e me contaram. Tinha um conjunto habitacional construído anos antes no bairro de Itaquera e, como as ruas do bairro quase não tinham movimento de carros, os moradores de um prédio transformaram uma das ruas em estacionamento. Os prédios da #Cohab não previam estacionamento, pois achavam que seus moradores nunca teriam carros. Mas vieram a ter. Aos poucos, uns moradores foram comprando fuscas, brasílias, kombis e outros carros, a maioria baratos. Com o tempo, as ruas até tinham movimento de carros, que precisavam desviar daquele pedaço.

Acontece que no início do governo #Erundina resolveram asfaltar as ruas do bairro, e naquela rua os asfaltadores deram de cara com um muro que interrompia a rua. O que fazer? Acionaram o Departamento #Jurídico da Cohab para derrubar o tal muro. Mas a coisa foi se enrolando, não resolviam nunca. E moradores de outros prédios começaram a reclamar. Pediam a derrubada do muro e o asfaltamento daquele trecho.

Fui falar com o presidente da Cohab, Vanderlei, boa gente, militante petista. Ele disse que estava esperando decisão judicial para poder derrubar o muro. Falei:

— Por que não derrubar logo? Por que ficar esperando uma decisão que não vem?

— O Fulano (não vou dizer o nome dele), chefe do Departamento Jurídico, diz que não pode, que é preciso esperar — respondeu.

— Esperar o quê? — discordei. — O muro foi construído ilegalmente, por que é preciso esperar uma decisão legal pra derrubar?

Discutimos mais um pouco e ele marcou um almoço com o chefe do Departamento Jurídico pra gente discutir isso. Num restaurante próximo, nós três começamos a conversa. E a coisa não fluía. Perdi a paciência e falei:

— Tá vendo, Vanderlei? Não é à toa que o PT tem fama de não decidir nada, fica em reuniões, obedece a uma #burocracia sem sentido, e nada. Se a gente derrubar o muro o que acontece? Os moradores do prédio vão poder recorrer à #Justiça? Que recorram. Se a Justiça está enrolando a Cohab até hoje, não vai enrolar pra eles também? Além disso, a gente derrubando o muro ilegal, com certeza, depois de muita demora, a decisão será a favor da Cohab.

O chefe do Departamento Jurídico espumava, querendo exigir a decisão judicial.

— Ora, os caras fazem coisas ilegais e a gente tem que esperar para desfazer o que fizeram? — chiei.

Ele falava:

— Nós não somos iguais a eles. Temos que fazer as coisas dentro da lei.

Fiquei irritado e falei novamente ao Vanderlei:

— Não é à toa que me disseram que virou gozação em Itaquera... O PT não tem coragem, é o que dizem.

Ainda comentei que dois tipos de burocrata levavam a sério certas coisas. Por exemplo: se para a aprovação de um projeto benéfico à população tivesse que ter vinte carimbos para seguir em frente, os “malufistas” (assim chamávamos os direitistas mais extremos) contavam e, se tivesse dezenove carimbos, exigiriam uma graninha por fora para aprovar; se o burocrata fosse petista, também conferiria, e se faltasse um carimbo, engavetaria o projeto por causa disso. Não importava se era um projeto bom ou ruim. Faltava um carimbo, e pronto! Contraditoriamente, eu argumentava, os petistas, que deviam não levar tão a sério as leis feitas pela elite, eram os mais legalistas. Isso naquele tempo, não acompanho como estão hoje.

Finalmente, o presidente da Cohab #decidiu. Foi até o gerente e pediu para fazer um telefonema (naquele tempo não existiam telefones celulares). Ligou pra regional da Cohab em Itaquera e ordenou:

#Derrubem o #muro!

Derrubaram, e os donos dos automóveis nem protestaram, sabiam que estavam errados. Contavam com a burocracia e a Justiça lenta para manter o muro...

Conto isso porque umas coisas me irritam nos “nossos” governos: uma falta de meter os peitos em certas situações. Grileiros ocupam terras, desmatam, queimam... E não acontece nada contra eles. Matam posseiros e indígenas pra tomar suas terras, e os governos (uns que são contra isso, os outros até os apoiam) ficam esperando uma decisão judicial que não vem. Donos de prédios desocupados não pagam impostos e mantêm os tais prédios só para especulação imobiliária, e nada acontece com eles, mas quando sem-teto os ocupam, a Justiça funciona...

E os #grileiros, #especuladores e outros aproveitadores da lerdeza da burocracia e da Justiça ainda acusam suas vítimas de serem “terroristas” ou coisas afins. Gostaria que a imprensa que acusa os sem-terra de “violência” publicasse um balanço de quantos #grileiros, #fazendeiros e #jagunços foram mortos nesses anos todos, e quantos #sem-terra, #posseiros e #indígenas foram assassinados por eles. São muitos os “nossos” mortos; e “deles”, praticamente nenhum. E eles nem ligam pra Justiça, confiando que contra eles ela não funciona. No máximo, alguns jagunços são presos depois de muitos anos de burocracia judiciária.

No caso do garimpo ilegal também acontece muito de contarem com a falta de vigilância, da lerdeza (ou cumplicidade) das autoridades para detonar o meio ambiente, acabar com rios, matar gente e animais poluindo a água que precisam... De uns tempos pra cá, finalmente, começaram a combater esse tipo de garimpo agindo pra valer, queimando as balsas deles.

Durante o governo do coiso, isso foi interrompido, e a pouca e insuficiente estrutura para impedir o crime dos garimpeiros ilegais foi reduzida a menos que o mínimo necessário, mas imagino que estejam recomeçando (ainda que não tenham estrutura para uma ação mais ampla e eficiente). Espero que aconteça muito mais vezes, radicalmente, pra valer. Fico feliz quando vejo fotos de uma balsa de garimpeiros incendiada. E raramente tenho a felicidade de ver grileiros sendo expulsos (só me lembro das terras da reserva indígena Raposa Serra do Sol, numa ação muito demorada).

A grande mídia, que diz ser contra a devastação da Amazônia, por exemplo, e que faz matérias contra as ações que aceleram as mudanças climáticas, na hora H, quando há um fato desses que chega à Justiça, fica totalmente a favor dos grileiros devastadores. É contra genericamente, mas de fato, trata a propriedade como coisa divina, mesmo que essa propriedade seja grilada, ilegal e criminosa.

E sobre os assassinatos de indígenas e afins, nem publicam os nomes dos responsáveis. E como em muitas outras situações de agressões e violência, o que apoiadores das vítimas fazem é emitir notas de repúdio que não servem para nada. É um jeito de lavar as mãos. Alguma vez uma nota de repúdio teve algum efeito? Me contem.

Alguns dos “nossos”, querendo parecer mais radicais terminam suas notas de repúdio inúteis com a expressão “Não passarão!”, ou “No passarán!”, de acordo com o original espanhol, palavra de ordem pra lá de infeliz, usada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, mas celebrizada por Dolores Ibárruri, conhecida como “A Passionária”, durante a Guerra Civil Espanhola, ocorrida de 1936 a 1939. Foi o lema lançado por ela na Batalha de Madri, contra os direitistas do general Francisco Franco. Mas eles atropelaram os republicanos em Madri e Franco ainda ironizou com outra expressão: “Hemos pasado”, quer dizer, “Passamos”. E de lá pra cá, certos grupos de esquerda usam a desgraçada da expressão direto, como se fossem resistir bravamente à direita, e toda vez que gritam essa palavra de ordem, a direita passa, atropelando tudo. É uma palavra de ordem, repito, pra lá de infeliz. Se estou numa manifestação qualquer e alguém pega o microfone e grita “Não passarão!”, querendo se mostrar revolucionário, caio fora, sabendo que vão passar sim, e ferrar a gente. E passaram a usar também nas tais “notas de repúdio” inúteis.

Gostaria que para certas coisas houvesse uma justiça sumária. Sei que não é possível, mas que pelo menos os governos ditos “de esquerda” tomassem atitudes pra valer. No caso do ataque ocorrido domingo contra os Guarani-Kayowá, segundo informações que recebi pelas mídias sociais (portanto, não cem por cento confiáveis), tinha agentes da Força Nacional lá, mas eles fugiram dos atacantes. Certo, não acho que devam morrer lutando desproporcionalmente contra uma força maior. Mas não lhes deram reforço?

Às vezes o que falta é decisão, simplesmente. Como, numa situação muito menos (mas muito mesmo) grave que o que contei do muro da Cohab, é preciso tomar decisão. Rapidamente e sem burocracia. E, claro, contra quem está errado. Será que verei isso?

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Lula e a Inteligência Artificial

#Lula defende #InteligênciaArtificial genuinamente #nacional, mas #Brasil segue #entregando #dados para aperfeiçoamento de IAs de empresas norte-americanas

#SérgioAmadeu

Opera Mundi https://operamundi.uol.com.br/opiniao/lula-e-a-inteligencia-artificial/
São Paulo

17 de março de 2024,
às 13:45

Poucas pessoas têm uma #intuição tão aguçada e profunda sobre as questões cruciais do seu tempo como o presidente #Lula. Em uma recente reunião do Conselho Nacional de #Ciência e #Tecnologia, o presidente brasileiro declarou de modo contundente querer “uma #IA (Inteligência Artificial) genuinamente #guarani” ou “ #yanomami ”. Cobrou dos pesquisadores que fizessem algo “nosso”.

É impressionante que Lula tenha dito uma frase tão certeira nesse momento crucial do desenvolvimento das tecnologias chamadas de “inteligentes”. Com sua sentença, Lula deixou evidente que a IA não é neutra, que ela porta as cosmovisões de uma #sociedade, que é desenvolvida conforme os traços culturais de uma #população. A IA atual é concebida e elaborada a partir de um universo cosmotécnico que não é o nosso, nem o dos yanomamis. O filósofo honconguês Yuk Hui parece ter conversado antes com Lula. Mas, sei que não.

Lula também reforçou o #pensamento de várias pesquisadoras, como a #matemática Cathy O’Neil, que nos alerta que as tecnologias digitais, apesar de sua reputação de #imparcialidade, refletem #objetivos político-econômicos e ideológicos. O’Neil escreveu que “os modelos (inclusive de IA) são #opiniões embutidas em matemática”. Cheguei a considerar que o presidente poderia ter lido e se inspirado na ideia de que as tecnologias informacionais expressam aquilo que Richard Barbrook e Andy Cameron nomearam como a “Ideologia Californiana” no título de seu livro de 1995.

O presidente também acertou em cheio ao cobrar dos cientistas brasileiros uma abordagem original da IA. Talvez alguém tenha alertado Lula de que aquilo que o mercado chama de “inteligência artificial” são na realidade sistemas algoritmos que extraem padrões de variadas e gigantescas base de dados para criar modelos que serão acessados a partir de interfaces digitais. A IA realmente existente é a dos sistemas automatizados que utilizam muitos dados e cada vez mais poder computacional, ou seja, infraestruturas com milhares de servidores. Por isso, Lula esboçou uma reclamação ao falar que temos tanta gente inteligente no Brasil, como se quisesse advertir alguns desavisados de que a IA realmente existente está muito longe de superar nossa inteligência orgânica.

Há um texto muito importante para mostrar que aquilo que naturalizamos nas tecnologias, em geral, são perspectivas e ideários que guardam cosmovisões. Um grupo internacional de #tecnólogos #indígenas, em 2021, utilizando a metodologia chamada design centrado no território – criada pelos povos indígenas da #Austrália – buscou criar protocolos de um sistema de parentesco para desenvolver uma estrutura algorítmica com base na chamada #computação #genética. Os algoritmos criados sob a orientação dos anciões receberam uma elevada pontuação em #diversidade e #complexidade, mas fracassavam em velocidade e eficiência. Esse relato presente no livro Out of the Black Box: Indigenous Protocols for AI (Saindo da caixa preta: protocolos indígenas para a AI, em tradução literal) evidencia que “fazer mais com menos” nem sempre é algo prioritário para uma #cultura. A velocidade algorítmica não interessava aos aborígenes. Interessa ao #capital. O acúmulo de dados é vital para os paradigmas dominantes na IA realmente existente.

Não é por menos que os Estados Unidos detém mais da metade dos #Data Centers do planeta. O insumo essencial da IA nas abordagens atualmente dominantes são os dados. Mas, eles não são como o petróleo, naturais; não brotam do chão. Dados são criados por #humanos, #empresas, #instituições, #indivíduos ou por #máquinas inventadas por humanos. As grandes empresas de tecnologia, as Big Techs, querem que acreditemos na sua #ideologia sobre dados para continuar a extraí-los como algo disponível na natureza. Por isso, mais uma vez Lula acertou ao pedir que os cientistas daqui façam algo. Para isso, teremos que estancar a coleta de dados absurda que é feita em nosso país para alimentar e treinar os sistemas algoritmos dos Estados Unidos.

O que Lula, apesar de sua intuição, não tratou, foi da colossal transferência de dados públicos que fazemos para as Big Techs. Também não se pronunciou sobre o fato de que o seu governo continua treinando os algoritmos da #IBM com dados dos servidores públicos, civis e militares, quando esses acessam o serviço de chat do #SouGov. Essa derrama de dados começou com Bolsonaro e continua no atual governo. Lula certamente não leu os Termos de Uso do SouGov. Nele, está justificado o envio de dados dos brasileiros para os Estados Unidos: “… tal armazenamento tem o objetivo de prover o aprendizado de máquina da ferramenta de chat denominada ‘Watson’, onde as interações dos usuários no chat são utilizadas para ‘aprendizado’ pelo computador que envia as respostas automáticas quando o usuário está sendo atendido por meio do chat do serviço SouGov.”

Tão grave quanto a entrega de dados dos servidores públicos brasileiros para um sistema que opera em solo norte-americano, longe da nossa jurisdição, é o fato de que mais de 70% das universidades brasileiras entregaram seus e-mails e listas de discussão, bem como seus repositórios para o armazenamento de arquivos para o Google e para a Microsoft. Lula poderia sugerir que o #MEC fizesse um consórcio com as universidades para construir data centers que mantenham nossos dados sobre nossa governança, servindo ao treinamento de sistemas algorítmicos desenvolvidos pela nossa inteligência coletiva. Seria um primeiro grande passo para proteger os nossos dados e desenvolver nossa IA.

(*) Sérgio Amadeu da Silveira é sociólogo e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. É professor-adjunto da Universidade Federal do ABC (UFABC). Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Lula nos deu uma chance de enfrentar um dilema sobre o Holocausto

#RonilsoPacheco
21/02/2024 07h34

Três dias se passaram e, no #Brasil, nós continuamos bombardeados pela repercussão da fala do presidente #Lula sobre a investida de #Israel contra o #Hamas em território palestino.

A "análise" mais repetida pela grande #imprensa no Brasil, em diferentes tons, por diferentes especialistas, sobre a fala de Lula foi basicamente que o "Holocausto dos #judeus não se compara". Sim, o #Holocausto é um doloroso referencial na nossa história. Mas por que o Holocausto seria #único? Essa não é uma pergunta de resposta simples.

Das aulas de Relações Internacionais aos comentários da grande imprensa ocidental sobre direito internacional, a naturalização do fato de o Holocausto dos judeus na segunda guerra, na #Europa, ter sido o "basta" para que o mundo elaborasse um compromisso global com os #direitos humanos, a partir de uma Declaração Universal não é trivial.

A definição territorial nas #Américas, de países como Brasil e Estados Unidos, custou a vida de mais de #70 #milhões de #indígenas. A travessia forçada pelo Atlântico dos navios #negreiros no contexto da #escravidão custou a vida de mais de #4 #milhões de #africanos e #africanas.

Em fins do século XIX, a investida colonial de Leopoldo II, da #Bélgica, assassinou mais de #10 #milhões de #homens e #mulheres no #Congo. A #Alemanha, entre 1904 e 1908, #dizimou a população da #Namíbia, os povos #Herero e #Nama. Um episódio cruel que ficou conhecido como o primeiro #genocídio do século XX.

O que dizer da própria segregação racial nos Estados Unidos, que, além de tratar pessoas negras como lixo e à margem da vida cívica, trazia junto o elemento do #linchamento. Era "comum" que pessoas negras fossem linchadas até a morte e os corpos eram pendurados em árvores.

Como o mundo #conviveu com isso, sem se reunir para encontrar uma saída e a responsabilização dos culpados?

Importante ressaltar que, sim, os #nazistas de #Hitler foram buscar nas técnicas #alemãs usadas contra a Namíbia a inspiração para desenvolver os campos de concentração. E, também, foram literalmente aos #EstadosUnidos durante a #segregação para #aprender sobre ela e ter, assim, o conhecimento técnico que ajudaria a desenvolver os #guetos para confinar os judeus.

É possível pensar a partir disso que, se a Namíbia tivesse sido o momento do "basta", ou a gestão da segregação de pessoas negras nos Estados tivessem provocado uma represália global, talvez, e apenas talvez, o próprio ambiente para que o Holocausto ocorresse na Alemanha de Hitler teria sido evitado.

Então, eu volto à pergunta anterior. O que tornou o genocídio dos judeus pela Alemanha nazista uma "barbárie real", a verdadeira "banalização do mal", enquanto todos os episódios anteriores, mesmo com características semelhantes, eram vistos e tratados como apenas " #História "?

Recorrer à imagem do Holocausto como referência não pode ser uma ofensa ao povo judeu por si só. As palavras também são alvo de disputas, dependendo do poder de imagem que elas possuam. E, neste sentido, o Holocausto tem muito #poder.

Por isso, o Holocausto é também um importante "recurso descritivo", e o episódio da fala de Lula é bem ilustrativo sobre isso. É pelo desconforto que o Holocausto causa que ele pode ser acionado como um recurso para comunicar a #gravidade, o #absurdo de algo.

O #desconforto causado pela comparação da #escravidão com o #Holocausto parece ser a chave para que alguém, principalmente uma pessoa #branca, consiga captar que escravidão não diz respeito apenas a pessoas negras forçadas a trabalhar, exploradas por senhores brancos. Como o Holocausto, a escravidão era sobre gente tratada como lixo, bestializadas, com a dignidade humilhada, torturada com trabalhos forçados e cruelmente executada depois.

Nem tudo pode ser comparável ao Holocausto. Nem toda comparação é válida. Mas nem toda comparação é uma diminuição da dor e do sofrimento do povo judeu.

#Lula foi muito #específico no uso da #comparação. Sua crítica foi ao exército de Israel e à forma como Netanyahu e seus generais conduzem o conflito. A crítica de Lula está correta, e parece que grande parte dos líderes globais entenderam exatamente isso. O Holocausto é único para os judeus. E isso deve ser respeitado.

Mas tratar o Holocausto como único na História, incomparável com o #extermínio em massa de qualquer outro povo, uma espécie de propriedade exclusiva, não é interessante nem mesmo para o povo judeu.

É um #excepcionalismo que, no limite, expõe o quanto alguns sofrimentos na história são mais importantes e envolvem #vidas que realmente #valem #mais do que #outras. O Holocausto é um mal histórico que assume múltiplas formas na história atravessando povos distintos.

O que também pode forjar o elo de #solidariedade entre os povos oprimidos e perseguidos pelos senhores da guerra. Como o povo palestino pode estar sofrendo agora sob Netanyahu.

#israel #Palestina #Palestine #genocídio

fa@venera.social

Sei que o dia tá uma JOIA, mas vou PESAR O ROLÊ falando de outro crime cometido por MILICOS:
GENOCÍDIO. Na #Ditadura milhares de #Indígenas foram mortos de forma COVARDE. Essa semana encontraram uma VALA COMUM com restos mortais de alguns -
Vala comum com possíveis restos mortais de indígenas no período da ditadura militar é descoberta em MT -
https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2023/08/11/vala-comum-com-possiveis-restos-mortais-de-indigenas-no-periodo-da-ditadura-militar-e-descoberta-em-mt.ghtml -
RT @fiscaldoibama - #Militares -
A vala foi escavada para enterrar as dezenas de indígenas que morriam por causa de #Sarampo, segundo o resultado preliminar de uma pesquisa... -

hudsonlacerda@diasporabr.com.br

Reformatório Krenak (2016)

https://youtube.com/watch?v=Qpx8nKVXOAo&

Criado durante a ditadura militar, o reformatório funcionou de 1969 a 1972. Era um local oficial de prisão, tortura, trabalho escravo e violação de direitos dos indígenas. O processo de degradação da comunidade contemplou ainda a criação de uma guarda rural composta de indígenas, deturpando as características culturais dos Krenak e transformando as vítimas em algozes de seus pares.

#crime #tortura #perseguição #ditadura #indígenas #MinasGerais #Brasil #milicos #milicagens